12/01/2017
As empresas não estão acostumadas a fornecer educação financeira de seus colaboradores. Em recente pesquisa sobre treinamento corporativo no Brasil publicada pela ABTD – Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento, o tema Educação Financeira nem faz parte dos temas cogitados pelas organizações para desenvolvimento de seus funcionários. E nem deveria ser, defendem alguns especialistas, por ser esta uma questão íntima e pessoal.
Será? Não vejo desta forma. Mesmo se analisarmos de maneira bastante genérica e apenas vendo o lado das empresas, o investimento em educação financeira seria positivo. Afinal são esses mesmos brasileiros que foram pouco preparados para administrar seu dinheiro que tomam conta dos orçamentos das empresas. Poucos aprendem em casa. A classe média vai gerir efetivamente suas finanças depois do diploma universitário. Alguns, nem isso. Outros poucos começam a aprender nas escolas a entender e lidar com o dinheiro, mas apenas aqueles que estudam em escolas mais modernas e sistêmicas. Falar em dinheiro com crianças é pecado. Mas produzir adultos que se perdem e vivem endividados não é!
Voltando para a questão das empresas. Em médias e grandes organizações cada área tem seu orçamento que costuma ser administrado pelo seu gestor. Alguns têm em mãos centenas de milhares ou até milhões para utilizar durante o ano. E muitos estouram suas verbas ou as gastam de maneira pouco inteligente.
Podemos ir mais longe: profissional com problemas financeiros sente-se pressionado e produz menos, ou produz mal. Alguns, em casos extremos, podem ficar mais vulneráveis a tentações. Quem gerencia mal suas finanças pode ser seduzido pelo imediato, como o dinheiro de uma indenização.
Lembro de um caso em que atuei em uma empresa cujos operários constantemente buscavam negociar sua saída. Iam para empresas próximas por valores irrisórios a mais. Mas precisavam da indenização, porque estavam endividados. Um ou dois anos depois viviam a mesma situação na outra empresa e buscavam voltar. Minimizamos o problema com um programa de educação financeira que se estendeu para a família. Sim, porque de nada adianta uma voz sozinha na família, como de nada adianta uma voz – ou uma área – sozinha na empresa para lidar com o dinheiro de maneira consciente. E vale ressaltar que nem sempre os departamentos financeiros o sabem. Alguns focados apenas na máxima de gastar menos acabam fazendo as chamadas “economia sem inteligência” – deixam de gastar em um momento para gastar muito mais posteriormente. É a confusão entre gasto e investimento.
E indo mais a fundo, quem sabe gerir bem o seu dinheiro costuma depender menos da empresa. Falo de empréstimos consignados e até mesmo de constantes pedidos de aumento de salário sem justificativas legais ou meritórias.
Ainda há dúvidas do retorno sobre esse investimento?