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Nossa História - São Camilo Dando continuidade à nossa série de matérias sobre a história da Granja iniciada com a rua José Felix de Oliveira, vamos explicar agora o motivo pelo qual a principal avenida local tem o nome do fundador da Ordem Camiliana, São Camilo de Lellis.

04/03/2010








Por acreditar que a base religiosa é essencial para a sustentação de uma cidade, o Dr. Niso Vianna, proprietário da Fazenda Granja Viana, doou em 1956 uma área de três alqueires para a construção do Seminário São Pio X, atendendo ao pedido do provincial dos Camilianos.

Assim que a doação das terras foi realizada, começaram imediatamente as obras para a construção do seminário. A ajuda do Dr. Niso Vianna era constante, o que lhe rendeu o título de membro agregado da Ordem dos Camilianos.


Seminário São Camilo

Em 18 de janeiro de 1960, a obra foi inaugurada com capacidade para acolher 130 seminaristas e projetada com amplas acomodações para a comunidade religiosa na grandiosa capela, aberta à população para a missa dominical.

Alguns dos primeiros seminaristas que chegaram vieram de Iomerê, em Santa Catarina, como o comerciante Nelso Palla, de 64 anos. Ele conta que entrou no seminário em 1962 e que seu objetivo, assim como o de muitos outros estudantes seminaristas, não era tornarem-se padres, e sim fugir do trabalho na roça e obter estudos.

Ele relembra que de sua época dos 130 seminaristas no Pio X, apenas dois tornaram-se padres: Ademar Rover e Camilo Munaro. "A adaptação era difícil, pois era um local cheio de regras e disciplinas, mas para ter a oportunidade de aprender valia a pena", afirma Nelso.

De acordo com o ex-seminarista, a rotina dos alunos era a seguinte: às 6 horas da manhã eles acordavam e iam para a capela, tomavam o café, faziam a limpeza interna do seminário, assistiam as aulas, almoçavam, jogavam futebol, trabalhavam na limpeza externa, rezavam o terço e jantavam ao som da leitura de um livro. Às 8 horas da noite o sino tocava e o silêncio era obrigatório. Eles não usavam uniformes, mas eram obrigados a ir às missas diariamente com uma calça azul.

A horta, assim como as plantações de milho, de mandioca, de mexerica carioca e o pomar imenso com castanha portuguesa, laranja e uva japonesa, era usada para o próprio sustento e para comercialização.

Além de dedicar algumas horas do seu dia em serviços gerais no seminário, Nelso trabalhava na criação de porcos e frangos que eram vendidos junto com os vinhos trazidos da região de Videira e Iomerê, Santa Catarina, no final do ano e na Páscoa. 

Para ajudar no sustento dos seminaristas o Padre Alvísio teve a ideia de realizar o "Galeto no Espeto", festa em que as pessoas compravam o convite e se serviam de frango e vinho à vontade. Com frequência também eram organizados churrascos com vinho, queijo, salame e doces para aumentar a renda do seminário.

No mesmo ano, apesar da desativação do seminário, o Padre Alvísio criou um semi-internato, o Instituto Viana, com o objetivo de abrir a oportunidade dos jovens estudarem sem pagar.

Até 1966 o seminário funcionou a pleno vapor. Mas terminado o Concílio Vaticano II, as novas ideias atingiram profundamente os seminários, causando o abandono não só de seminaristas como também de religiosos e sacerdotes e levando três anos depois, em 1969, à desativação completa do seminário Pio X, que passou a funcionar, dentro da finalidade da Ordem, como uma casa para idosos e doentes crônicos, o Recanto São Camilo, cujas atividades são mantidas até os dias hoje.

Durante a pesquisa encontramos vários moradores que estudaram no Instituto Viana nesta época, alguns são famosos na comunidade até hoje, como o veterinário Salvador. A euforia de todos era tanta ao relembrar da escola que marcamos uma reunião para o reencontro da turma.

Na reunião todos falaram muito da saída em 1971 do Padre Nelson e da entrada de Edgar Linhares como novo diretor. Os alunos fizeram manifestações, cartazes com os dizeres "Fica Nelson" e até passeata pela Av. São Camilo. Quando houve a troca, apesar de o padre ter explicado que precisava sair, os alunos achavam que a escola iria acabar. Foi uma saída traumática e também aconteceram mudanças na orientação do local. O Padre Nelson era democrático, permitia que todos estudassem, independente de raça, idade ou qualquer outra diferença e era precursor da escola construtivista. Edgar Linhares tinha outras qualidades, era acessível, um educador que acabou com o conceito de que não havia diálogo entre aluno e diretor.

Falamos com Edgar pelo telefone, hoje presidente do Conselho de Educação do Estado do Ceará, que declarou que ficou muito triste ao sair do Instituto: "me ofereceram um colégio como presente, mas eu fiquei com medo de ser visto como empresário e como queria ser apenas um diretor, não aceitei. O colégio era da comunidade. Eu respeitava muito a reunião dos padres e o momento que mais gostava era quando os pais vinham fazer a matrícula de seus filhos".

Os alunos puderam presenciar dias incomuns como aula de geografia no campo de futebol para estimular o contato com a natureza e aula de física em um dirigível. O Instituto também incentivava a leitura e o teatro.

Apesar das aulas serem pela manhã, os alunos gostavam tanto do Instituto que costumavam voltar à tarde para ir à biblioteca, jogar pingue-pongue, futebol, volêi, etc. Além disso, eles também se divertiam com as quermesses que eram realizadas uma vez por ano, além da feira de ciências, olímpiadas, campeonatos e gincanas com a participação de outra escolas da região.

Na reunião dos ex-alunos, realizada na casa da Mônica Fleury, cada um destacou como os anos de 1969 a 1974 no Instituto marcaram sua vida, confira:

Salvador Dominguez Felis acredita que a gema da Granja estudou lá e que foi a época mais feliz do bairro.

 Valdina Maria de Souza afirmou que o Instituto ensinou aos alunos tornarem-se os cidadãos que são hoje.

Altamir Borges Filho disse que "a escola foi formada pelos pais, com característica de cooperativa, apesar de os pais pagarem diretamente aos professores".

Gisela Handt "a escola era completamente diferente das outras, porque formava cidadãos. O Edgar foi um mentor, confidente e amigo. Eu não tinha noção do quão esta escola seria importante para nós".

Carlos Tonezzer "o Instituto estimulou a capacidade de criar, a vontade de estudar, o compromisso e a formação suficientes para dar vontade de crescer. A figura do diretor era inspiradora e contribuiu para que a vida fosse melhor".

Mônica Fleury  "os alunos tinham um cuidado muito grande com a escola, chegaram até a sair pelo bairro coletando tintas para pintar a sala do grêmio. Aprendi a conviver com as diferenças no Instituto, todos tinham o objetivo comum de aprender, dar o melhor de si e havia uma cumplicidade com os professores, além de uma integração muito grande. Os alunos montavam peças de teatro e acolhiam todas as pessoas da comunidade".

Ana Neide Veloso deu aulas para a primeira série no período de 1972 a 1977: "Edgar, além de ter uma visão avançada, valorizava o professor. Para ele o professor tinha que ser muito bem pago".


Quando o Instituto acabou, em 1977, a mãe de um aluno, Emília Ganbirazzo entrou em contato com Clarisse Mariano e Marieta Nicolau, da escola modelo Antigo Experimental da Lapa, com o objetivo de fundar uma nova escola, o que veio a ser a Escola da Granja, já que além do Lar Escola Rotary não havia na Granja outro centro de ensino. A Escola da Granja, está localizada até hoje no mesmo local da sua fundação, na Rua José Felix de Oliveira, terreno pouco abaixo do Recanto São Camilo.

Como podemos constatar, Niso Vianna acertou ao vislumbrar que trazendo os Padres Camilianos estaria plantando a semente da educação. Fica mais fácil também depois de todos estes relatos entender porque a Granja tem este desejo de comunidade, afinal suas raízes estão lotadas deste sentimento. Tomara que este sentimento seja atávico, que esteja em sua entranhas, e que possamos pouco a pouco trazê-lo à tona novamente com toda a sua beleza.


Marina Novaes
Fotos: Ligia vargas e arquivo pessoal de Salvador, Altamir e Nelso Palla



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