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Granja Viana – seis décadas Voltar

De região rural para uma movimentada área urbana, a Granja Viana ficou marcada pelo charme da natureza e se tornou um reduto de residenciais e condomínios, bem como um polo gastronômico. Tudo isso em cerca de 60 anos. Essa seria a síntese da história da Granja Viana, distrito de entrada do município de Cotia para quem vem de São Paulo.
Durante muito tempo, as terras que compõem a Granja Viana e arredores eram dominadas por olarias, plantações de verduras e legumes. Boa parte dos produtores – a maioria de origem oriental – integrava a Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), que durante décadas abasteceu a capital paulista. A Cooperativa foi criada para combater os atravessadores que se aproveitavam do desconhecimento do nosso idioma por parte dos orientais, segundo depoimento de Kenji Kira, filho de um dos fundadores da CAC. Originária de Ribeirão Preto, a família Kira se instalou às margens do Córrego Poscium, próximo ao km 24 da Raposo Tavares, em 1932, onde mora até hoje. O córrego, hoje parcialmente canalizado, era usado para irrigar a plantação, lavar roupa, pescar e nadar.
No final dos anos 1930, a família Vianna comprou uma grande área na região. O patriarca Niso - industrial do ramo de fertilizantes - estava de olho nas olarias da região e no crescimento de siderúrgicas em São Paulo, movidas a carvão. Ele enxergou em Cotia a possibilidade do plantio de eucaliptos para atender a demanda de madeira dessas indústrias. Remanescentes destas plantações ainda podem ser vistas pela região.
Mas Genuíno, irmão de Niso, era apaixonado por gado leiteiro. Fez então com que o irmão importasse cabeças de gado da Holanda e dos Estados Unidos para a criação e uma granja de leite. Os dois negócios foram concretizados, mas o que deu o nome ao lugar foi a granja de leite. Ao contrário do que muita gente pensa, o termo granja não necessariamente precisa ser associado a aves. Granja é uma construção fechada que pode abrigar tanto aves quanto mamíferos.
A fazenda estava localizada entre os km 22 e 24 da Rodovia Raposo Tavares, estendendo-se até a Estrada da Aldeia, mais especificamente onde hoje se encontra o condomínio Granja Velha. Como vizinhos, a família Vianna tinha além dos horticultores japoneses e as olarias que exploravam a valiosa terra vermelha, alguns donos de terras, como a família Junqueira de Aquino, proprietária da área em que hoje fica o bolsão da Fazendinha. Apesar de possuírem terras lado a lado, as famílias praticamente não se encontravam, pois sem estradas ligando uma fazenda a outra o único acesso era feito a cavalo. Os raros encontros se davam nas caçadas, das quais eram adeptos os Junqueira bem como Genuíno Vianna, para as quais utilizava os cachorros criados em canil onde fica atualmente o Supermercado Serrano, na Rua José Félix de Oliveira.
 
Preocupação com a comunidade
Apesar do perfil de industrial empreendedor, Niso Vianna era muito sensível à questão social e atencioso com as pessoas que o cercavam. Uma das primeiras causas que o mobilizou a fazer algo em prol da comunidade foi a das crianças que trabalhavam nas olarias da vizinhança. A atividade pesada a que eram submetidas desde muito cedo resultava em deformidades nos braços e nas mãos dos pequenos. Com o intuito de tirá-los do trabalho pesado e levar educação a todos que moravam no entorno, o chefe da família Vianna com ajuda dos amigos Rotarianos fundou a primeira escola local, no final dos anos 1940. Pela vocação rural da região, além da educação formal, técnicas agrícolas também eram ensinadas. A ideia era que os filhos dos agricultores se fixassem em suas terras, ajudando a desenvolvê-las.
Diante da cultura que havia na época, voltada ao trabalho e quase nada para a educação, atrair as pessoas para a escola não era tarefa fácil. Até então praticamente as únicas escolas existentes eram a do Moinho Velho e a casa da Dona República no Jardim da Glória. A estratégia utilizada foi oferecer uma farta merenda extensiva às famílias das crianças que frequentassem a escola. Deu certo. O Lar Escola Rotary , em meados de 1982 passou a ser o Colégio Rio Branco, mantido até hoje pelo Rotary. Parte da área da antiga escola estadual foi desapropriada para construção da escola Vinicius de Morais.
Apaixonado pelo local e sempre contando com o apoio de José Felix de Oliveira na administração da fazenda - o mesmo que deu o nome a uma das principais ruas de comércio da Granja Viana –, Niso Vianna passou a promover ações voltadas para a melhoria da saúde e também para o desenvolvimento espiritual dos moradores, além do trabalho com educação. Para isso contou com uma forte parceria da Igreja Católica, com a instalação da Paróquia de Santo Antonio em 1951, no km 23,8 da Rodovia Raposo Tavares.
Além do conforto espiritual, a vinda dos religiosos também contribuiu para a promoção da saúde dos moradores, pelas mãos das Irmãs Camilianas bastante experientes em atendimentos de emergência. Nos anos 1960, as Irmãs desenvolviam um forte trabalho na região, sediado na Assa - Associação Social Santo Antonio,– construída ao lado da Igreja. As Irmãs Celina e Josefina se tornaram referência na região no atendimento a famílias de colonos muitas vezes à noite, inclusive nas quatro ou cinco olarias locais onde moravam pessoas de poucos recursos financeiros. Em 1962 contaram com o apoio do médico Valter Stoiani, contratado por Niso Vianna, e cuja família vive até hoje na Granja. Sua esposa, Raquel Stoiani, é proprietária da Raquel Natação.
Tanto o terreno para a construção da Assa quanto para o Seminário São Camilo - instituição para padres na esquina da Rua José Félix de Oliveira com Avenida São Camilo – foram doados pela família Vianna. O seminário funcionou até 1969 e, desde então, abriga a Casa de Repouso São Camilo. Anexo ao seminário, operou até 1977 o Instituto Vianna, organização de ensino que pode ser considerada o embrião da atual Escola da Granja.
Apesar da atuação da família Vianna ter marcado a vida da Granja até os anos 1970, já na década de 1950 as terras de Niso Vianna começaram a ser divididas. Aos poucos, ele foi loteando parte de sua fazenda. Nessa época nasceu o primeiro loteamento, Vila Santo Antonio de Carapicuiba (miolo da Granja), com lotes vendidos na sua maior parte para Rotarianos que, atraídos pela vida bucólica, construíram casas de campo. Preocupado com a sobrevivência das famílias dos colonos, ele também loteou a área vizinha ao Parque São George. Os terrenos foram vendidos aos funcionários da fazenda por um valor baixo, a longo prazo.
Nos anos 1960 surgem as Chácaras do Lago, Refúgio, São Fernando e São João (terras próximas ao atual condomínio Palos Verdes). Foi com o "boom" imobiliário da década de 1970, que se iniciaram os primeiros loteamentos "fechados", com os residenciais Granja Velha 2, Jardim Colonial, Parque Silvino Pereira, Parque Primavera e outros loteamentos da família Junqueira ao longo da avenida São Camilo, como Granja Velha, Chácaras da Fazendinha, Impla, Chácaras dos Paineiras etc.
 
Futuro incerto
Dessa época em diante, a Granja Viana – cuja grafia popular abandonou o duplo N – foi aos poucos mudando sua vocação. Passou a ser opção de moradia para quem estava cansado da paisagem cinza de São Paulo e disposto a se aventurar por alguns quilômetros de estrada em busca do silêncio e do contato com a natureza. A falta de infraestrutura do início atraía apenas aqueles que realmente queriam uma vida mais isolada.
O cenário foi sendo alterado com a construção de centros comerciais e a variação dos padrões dos condomínios. Atualmente há desde pequenos sobrados geminados até casarões de alto padrão, alguns ainda isolados, outros rodeados por agitados centros comerciais. A própria localização da Granja é motivo de discussão. A original Granja Viana – vinda da fazenda que ocupava os quilômetros 23 e 24 da Rodovia Raposo Tavares - é atualmente um nome dado como referência para residenciais e condomínios desde o km 21 até quase o km 28 da Rodovia Raposo Tavares. A fama de local charmoso e atrativo faz com que diversos bairros de Cotia e Carapicuíba se intitulem parte da Granja Viana.
O futuro é incerto e os edifícios de apartamentos começam lentamente a chegar abraçando os condomínios de casas. Se a Granja Viana vai manter o pouco que ainda lhe resta de bucolismo e de natureza, ou se será o ponto de conurbação entre os municípios do entorno tornando-se uma continuidade da paisagem cinza de São Paulo e de Osasco, ninguém sabe. Há apostas nas duas alternativas.
 
Pesquisa: Thereza Franco
Texto: Karen Gimenez




 

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