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Por Thaïs Roji
Fonte: Jornal D"aqui


Certamente você conhece ou já viu o rosto das entrevistadas nessa edição. Thereza Franco, Issa Menezes, Dani Terracini e Andrea Adama Saraiva, além de serem super granjeiras, formam o núcleo do Transition Towns Granja Viana, um movimento que vem transformar a comunidade em um ambiente mais sustentável e resiliente, ou seja, menos dependente de fatores externos.

A essência do Transition Towns está em seu nome: Cidades em Transição. As iniciativas do Movimento pretendem implementar ações necessárias de curto, médio e longo prazo para enfrentar as Mudanças Climáticas e o Pico do Petróleo. Mas ele vai além: cultivar e fortificar a vida comunitária, ter uma vida mais sustentável, repensar a maneira de consumir, resgatar a sabedoria do passado, rever todos os processos, enfim! É uma grande mudança de paradigmas. E de uma maneira bem interessante e leve. Como elas mesmas dizem: "Com alegria, prazer e diversão! O Transition cria, executa e celebra! Vamos renovar, refazer, repensar".

E como uma grande teia otimista, ativa e criativa, o Transition Granja Viana vem mudando a vida no bairro e nos tornando um grande exemplo de comunidade, aqui e no mundo!

JDA: O que é o Movimento Transition Towns?

Issa: O movimento é em cima de: Qual é o nosso plano como comunidade para uma vida onde a gente está refém das mudanças climáticas, está refém do petróleo, uma energia que está vivendo um pico mas que daqui pra frente vai ficar cara? E qual é o nosso plano para não ficar a mercê da crise econômica? Onde está nossa resiliência. E o Movimento é completamente viral. No Brasil ele começou em 2009 e já está espalhado. No mundo estão presentes em cerca de 34 países.

JDA: São quantos no Brasil?

Issa: Devemos ter cerca de 20 grupos no país. Muitos não são oficiais. Nem todo mundo se registra. Aqui na Granja ele já é referência em termo de articulação. Nós somos exemplo nacional porque é um dos movimentos que mais executa.

JDA: Como e onde o Movimento surgiu?

Issa: Surgiu com um permacultor inglês, Bob Hopkins quando ele lecionava numa cidadezinha na Irlanda. Durante uma palestra sobre o pico do petróleo, Bob propôs um trabalho para que os alunos pensassem em como seria a vida sem petróleo. Foi feito então um plano e isso mexeu com muita gente. Quando ele voltou para Totnes, o movimento foi surgindo. Algumas pessoas foram se reunindo com ele e criaram um plano de ação para a cidade. Começaram a fazer palestras, apresentações, rodas de conversa e quando marcaram um dia para o lançamento desse plano, apareceram 400 pessoas, inclusive pessoas de outras cidades!

A ideia brotou na Irlanda mas o movimento se instituiu em Totnes, na Inglaterra.

Thereza: A cidade abraçou tanto o movimento que hoje eles possuem até moeda própria. Começou com Feira de Trocas, como a gente já faz aqui na Granja e a coisa evoluiu.

JDA: O que caracteriza o Movimento? Existem regras?

Issa: O Transition é muito livre. Você pode decidir ser um grupo oficial ou não. O importante é fazer as ações e colocar as cidades e as comunidades para pensar.


Andrea: Transformar as cidades em modelos sustentáveis.

JDA: Mas a maneira de fazer isso varia de acordo com a cidade, a cultura de cada lugar?

Issa: A essência é a mesma, mas cada um aplica como quiser.

Thereza: Cada um imagina seu futuro como quiser. As ações para chegar nesse futuro são diferentes, assim como as necessidades de cada um. O objetivo é comum: ser resiliente ao que vem por aí.

Issa: Por exemplo, na Inglaterra, que depende barbaramente do petróleo, eles criaram economia local, produtores locais, moeda própria. É provado que se você usa uma moeda local, o dinheiro permanece naquela comunidade. Ou, se ao invés de consumir numa rede multinacional estrangeira, você optar pelo "seu Marquinhos" ali da esquina, o dinheiro fica na comunidade porque ele também vai consumir no local.

JDA: E como são definidas as ações locais, como envolver a comunidade?

Issa: O Transition dá os ingredientes, mas a maneira de fazer é o grupo que decide.

Theresa: Aqui na Granja, por exemplo, apesar da diversidade de poder aquisitivo, a gente fala com uma classe média alta. E a ideia é mudar o costume, mudar paradigmas. Falar para comprar menos e fazer uma feira de trocas, por exemplo...

JDA: Como é a dinâmica do grupo?

Issa: Em cada parte do mundo funciona de uma maneira. E é sempre muito orgânico. É um resgate de comunidade, de círculo. Forma-se um grupo inicial e daí surgem vários grupos de trabalho para atuar em áreas diferentes. Você tem interesse em educação, então vai atuar no grupo de educação. O Transition incorpora sempre o que já existe. Se existe um grupo na Granja que já lida com a questão da bicicleta, por exemplo, a gente apoia, participa. Não começa outra ação a parte do que já existe, a gente soma.

Thereza: Por exemplo, o MDGV que tem toda uma problemática com desmatamento e tal. Eles estão muito mais adiante do que poderíamos estar, tem muita gente especializada, então a gente apoia.

JDA: O núcleo do TGV são vocês?

Issa: O grupo iniciador é a gente e mais um monte de gente! Existe uma coisa da disponibilidade interna. Em cada ação, várias pessoas se agregam. "A Hora do Planeta", por exemplo, os restaurantes, as pessoas que vão jantar, é uma ação que envolve muita gente. E têm várias pessoas que sempre estão atuando, a Cris Marruecos, a Silvia Rocha, o Claudio Leozzi, ninguém sai definitivo...

Thereza: As pessoas acham que tem que ter um compromisso e é justamente isso que a gente não quer. "Ajude onde você pode!"

Issa: O Transition, a permacultura fala muito isso: tem que ser divertido, prazeroso. Se não o movimento não sustenta...

JDA: Como surgem as ideias para os grupos de ações?

Issa: Nascem por um olhar. A gente olha e percebe... "nossa, está faltando". A gente então conversa e se faz sentido pra todos, a coisa acontece bem rápido. Agora, por exemplo, a gente está olhando muito para a história da Ciclofaixa.

JDA: E isso tem a ver com um inconsciente coletivo também não? Tenho ouvido tanto sobre ciclofaixa também...

Issa: Claro que tem mas esse é um movimento grande, que envolve o Poder Público. Quando o problema é muito grande, é preciso esse inconsciente coletivo começar a borbulhar para agrupar mais gente e dar força para a ação.

Esse é outro ingrediente do Transition: a solução é do tamanho do problema. Então quando a solução é grande, você precisa de muita gente envolvida.

JDA: Mas o movimento é absolutamente imparcial politicamente, não?

Issa: Sim, mas é fundamental fazer pontes com o governo local. O movimento é apartidário mas é importante envolver o governo.

Andrea: Isso é um momento que o mundo está passando: Integrar. Não separar. Não é momento de conflito, de briga.

JDA: Como são os grupos de trabalho?

Issa: Atualmente temos o "História na escola", onde vamos nas escolas para contar a história da região. Se você não tem link com o local onde mora, você não tem amor por ele; "Do meu lixo cuido eu", para conscientizar, ensinar e informar as ações; "Voto onde Moro", imprescindível votar no local onde você reivindica mudanças; "Feira de Trocas"; "GOL - Gostamos de Orgânico Locais, incentivar o consumo dos orgânicos locais para fortalecer o Cinturão Verde de Cotia, para que o alimento não vá pra longe, incentivar a agricultura familiar, até para que essas famílias não vendam suas terras para novas construções. E esse grupo apoia a "EcoFeira", que já é uma ação conjunta com a Prefeitura de Cotia, a Secretaria de Turismo, Faculdade Mario Schenberg, Site da Granja e etc; "Arte que faz parte", onde uma das ações é o "Dia de Comadre", um resgate de habilidades que a gente perdeu e que são feitas em círculo e envolve a criatividade; "A Hora do Planeta", uma ação mundial onde as pessoas não usam a energia elétrica das 20h às 21h. Aqui na Granja a ação é mais forte ainda: os restaurantes funcionam à luz de velas durante toda a noite e as pessoas comparecem em peso. Uma porcentagem do valor consumido pela comunidade vai diretamente para a revitalização de um local do bairro. No primeiro ano foi para a Pça Santa Adélia, ano passado para os brinquedos do Parque Teresa Maia. Esse ano, será no dia 31 de março, e nós gostaríamos de oficializar o Transition Granja Viana nesse dia.

JDA: É importante oficializar o movimento? O que é preciso ser feito para isso?

Issa: É importante porque fortifica, dá força mundialmente. É preciso enviar uma carta pedindo a oficialização, fazer um processinho e ter passado por alguns dos ingredientes.

Thereza: E para se tornar oficial precisamos do compromisso da Prefeitura reconhecendo o Movimento.

JDA: E a EcoFeira?

Thereza: A Ecofeira funciona como uma praça. Todo mundo vai lá se reencontrar, conhecer de novo seus vizinhos. Isso é tão importante, ainda mais agora, com o crescimento da Granja porque a gente começou a perder isso. É essencial resgatar esse senso de comunidade.

Esse ano o grupo de alimentos manipulados está passando por um curso-consultoria no SEBRAE para capacitá-los melhor. Eles estão passando por consultoria técnica nas cozinhas onde manipulam os alimentos e isso é ótimo porque além de melhorar a qualidade, também passarão a ter um selo de garantia. A idéia é que eles comecem a ter autonomia. Nosso objetivo é fortalecer as pessoas para que possam gerar a feira sozinhos. Nós plantamos a semente e a EcoFeira é um sucesso! Esse ano ela reiniciará em março.

JDA: Como vocês enxergam o futuro?

Dani: Com otimismo! Sinto que podemos mudar muita coisa.

Thereza: Eu acredito numa evolução. Assim como falamos que está pipocando no ar a ideia da ciclofaixa, está todo mundo falando em mudança, em como melhorar...

Dani: Está no inconsciente coletivo...

Issa: Vamos ter muitos eventos naturais e acho que a humanidade já está mudando a cabeça, o volume de pessoas pensando a mesma coisa está crescendo absurdamente! Tivemos a revolução agrícola, depois a industrial e acho que estamos indo para uma próxima onde o ser humano vai ter que lidar com o planeta de outra maneira.

Thereza: Mudar todos os padrões...

Issa: Existe um movimento chamado "Green Dreams", onde a gente grava o "sonho verde" das pessoas. Isso é uma maneira de criar um futuro, porque você toca no ponto que mexe em cada pessoa. "Qual é sua árvore?" Como a história da Júlia Butterfly, na Califórnia, que fazia parte de um grupo de ativistas defensores de uma floresta de Sequoias: ela subiu numa Sequoia centenária e ficou lá por três anos, só desceu quando eles garantiram que não derrubariam a Floresta. E quando desceu, ela fundou esse movimento "Qual é a sua árvore?" Quando você busca isso dentro de você, você inicia um pensamento de coisas boas... O que faz você sair da sua cadeira, da sua casa?

Para saber mais sobre o Transition Granja Viana, clique aqui.
e-mail: ttgv@globo.com

Projetos em gestação:

- Hub da Granja: uma sede, um espaço para toda a comunidade;

- Temperando nossas Memórias: grupo de resgate de receitas de família;

- Quem Conta um Conto Aumenta um Ponto: contação de histórias;

- Vamos Juntos: Um "Clube da Carona" com cadastramento e segurança;

- Arte no Prato: Ação com os restaurantes da região;

- Calendário das Estações: Um calendário conectando os alimentos e plantas às estações. Junto ao calendário, um livro de receitas das estações.

- Ciclofaixa;

- Placas da Alma: placas com mensagens em locais problemáticos, como cruzamentos complicados com muito trânsito, locais onde se jogam entulhos, etc.









 

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