11/11/2009
Por Ana Bartmann
Patricia é amiga de Adriana Bello, nossa entrevistada da semana passada. Tornaram-se amigas, entre outras coisas, muito provavelmente porque tenham reconhecido uma na outra valores semelhantes de vida, dentre os quais, a vontade e porque não dizer a coragem, de descobrir seus talentos, também fora do mundo corporativo.
Patricia começou sua carreira como estagiária aos dezenove anos e chegou à gerência do setor de entregas eletrônicas do Bank Boston. Comandava, aproximadamente, cem pessoas, trabalhando cerca de dezesseis horas diárias. Muitas vezes, dormia no escritório para economizar tempo. Tinha reconhecimento, status, poder, mas, segundo ela mesma, "não tinha vida".
A Granja ajudou Patrícia a acreditar que existia um mundo fora da corporação.
"Uma coisa que me impressionava era poder olhar o céu. A outra era chegar da balada de salto e não incomodar ninguém! Uma delícia!".
Um dia tomou coragem, pediu demissão do banco e comprou um Pet Shop.
A paixão que ela tinha pelos bichos, no entanto, não foi suficiente para sustentar o negócio, que acabou indo mal.
Com a grana ficando curta, Patricia foi para o Unibanco, situação que durou pouco e acabou em outro negócio. Associada a uma amiga, Patrícia passou a elaborar projetos de captação de recursos para ONGs.
Tudo indo bem dessa vez, até que a cegonha resolveu trazer um presentinho.
Grávida, aceitou o retorno ao Boston, só que como terceira.
De uma palestra em uma universidade surgiu o convite para dar aula.
Descoberto o novo talento, Patricia seguiu em frente. Prestou concurso para a FATEC (Carapicuíba) e hoje é a responsável pela coordenadoria do curso de sistemas da instituição.
A jornada de trabalho de quarenta horas semanais são gerenciadas na faculdade e home-office. O que sobra, se é que sobra alguma coisa, ela divide entre a família e, como não poderia deixar de ser, seu negócio próprio, desta vez uma clínica holística.
Boston, Pet Shop, Unibanco, associação com amiga para trabalhar com ONGs, Boston de novo, FATEC e clínica holística. É provável que se eu conversasse novamente com a Patrícia daqui a algum tempo ela já teria acrescentado outras idas e vindas em sua história de vida. Sim. Ela teria acrescentado, não teriam acrescentado por ela. Talvez isso a faça sentir assim tão segura e plena de si, senhora do seu destino, ou como se diz por aí, feliz.