02/06/2011
Na sexta-feira (27/5), a Secretária Municipal de Educação de Cotia, Olga Ferreira de Moraes juntamente com a diretora do Projeto Âncora Regina Steurer, receberam a visita do educador português José Pacheco, que dirigiu a famosa Escola da Ponte durante 36 anos.
Há dez anos, Pacheco aposentou-se e atualmente está ajudando colégios brasileiros a fazerem suas próprias revoluções. "Presto consultoria a 54 Municípios do Brasil. Não há um modelo a ser seguido. Não se trata de aplicar fórmulas, copiar um modelo. Mas há escolas dispostas a mudar, a se reformular, a repensar a sua prática. São essas escolas que eu estou ajudando".
Mas tem algo de diferente nesta escola portuguesa, que as pessoas apelidaram de "escola dos sonhos". Pacheco contou o que ela difere das escolas tradicionais. E ressaltou que quem quer inovar deve ter mais interrogações que certezas. "Quem ouve falar dela pela primeira vez fica surpreendido. A Escola da Ponte não tem salas de aula, não tem turmas divididas por faixa etária, não tem testes, os alunos decidem o que e com quem estudar", e finalizou "a escola não tem portão, fechadura, porta ou guarda, e mesmo assim, nunca foi assaltada".
As crianças e os adolescentes que lá estudam - muitos deles violentos, transferidos de outras instituições - definem quais são suas áreas de interesse e desenvolvem projetos de pesquisa, tanto em grupo como individuais. "É a única escola de Portugal que em 36 anos, nunca faltou professor. A escola recebe filhos de alcoólatras, crianças órfãs, crianças com Síndrome de Down, crianças que não foram aceitas em nenhuma outra escola, que bateram em professores", diz o educador.
Em 1976, seu projeto começou a ser repensado e uma nova realidade foi se desenhando. Não foram poucas as dificuldades nem as brigas que José Pacheco, seu diretor, e o corpo docente, junto com os pais, tiveram de enfrentar para bancar suas idéias. Mas, juntos, eles venceram. Trinta anos depois de iniciada essa revolução, a escola tem inúmeros bons resultados para mostrar: "Nossa escola não faz tudo igual para todos. Porque isso não é incluir nem gerar igualdade. Se a escola não se re-estruturar, não há inclusão. Cada indivíduo é diferente, tem um ritmo, uma cultura diferente. É feito um trabalho individual, aos poucos. É porque cada ser é único que na Escola da Ponte não há avaliação tradicional, uma mesma prova para todos. Cada aluno, quando sente que aprendeu, quando se sente capaz, é avaliado".
José Pacheco é especialista em alfabetização e frisou que qualquer pessoa pode aprender a ler e escrever. "Em dois meses, até os adultos que não sabem nada, podem aprender. Há muitas formas de alfabetizar".
A secretária Olga apresentou a José Pacheco os métodos de ensino que a Secretaria de Educação tem aplicado nas escolas da rede municipal de ensino. "Nós criamos um sistema próprio de avaliação que nos ajuda a analisar a progressão dos alunos". E falou do interesse em desnvolver em parceria com o Projeto Âncora, um trabalho de alfabetização: "Podemos começar a aperfeiçoar e melhorar a nossa maneira de ensinar, já que contamos com o analfabetismo zero no Município e com o EJA (Educação para Jovens e Adultos)". Regina completa: "Queremos dar continuidade ao trabalho que Valter vinha desenvolvendo. Estamos lutando para conquistar um sonho de fazer do Pr ojeto Âncora, uma escola com fundamental I em período integral".
José Pacheco escreveu mais de 50 livros, 10 publicados no Brasil. A Escola da Ponte influenciou muitas escolas em Portugal e no mundo. E desde que se aposentou,, quem passou a dirigir a Escola da Ponte foram pais, que, quando jovens, lá estudaram.
Que o sonho de Valter Steurer continue seguindo seu curso! A presença de José Pacheco no Projeto Âncora foi um de seus últimos desejos, que hoje temos a alegria de ver atendido!