16/04/2020
Durante períodos de isolamento, como os que estamos vivendo nestes dias, é inevitável que algum desconforto emocional se instale. E há casos de pessoas em que isso se dá de maneira mais grave, como crises de pânico, ansiedade e depressão.
A psicoterapeuta Gabriela Uchôa, que atua há mais de 10 anos na nossa região, falou ao Site da Granja sobre o que se passa conosco em situações como esta:
“Como seres humanos, nos reconhecemos e nos organizamos por meio da interação social. Desta forma, o mal estar psicológico resultante da situação a qual estamos expostos, acaba por fragilizar nossa capacidade de adaptação e enfrentamento ao stress do confinamento, produzindo respostas fisiológicas e emocionais que podem impactar nosso equilíbrio mental, tão importante para reagir ao cenário atual”, explica Gabriela.
Segundo a psicóloga, especialistas em saúde mental de todo o mundo sugerem alternativas e ferramentas para que possamos minimizar o impacto negativo da nova rotina que se estabelece diante do cenário da pandemia.
Diante disso, destacam-se algumas dicas valiosas:
1- Evite não fazer nada e tente manter uma rotina diária com compromissos e propósitos.
É muito importante transformar a quarentena num período produtivo, apesar de tudo. Para muitas pessoas, trabalhar em casa (o que chamamos de regime de home office), pode ser uma experiência nova e eventualmente difícil, desconfortável. Organizar um espaço na casa específico para esse fim, e aproveitar o conforto do tempo extra que antes gastava no trânsito para o trabalho, ajuda bastante a lidar com com essa sensação de inquietude.
Procure também encontrar atividades manuais e físicas que sejam possíveis de executar em casa para preencher o tempo e aliviar o desconforto ou desânimo que se instala quando estamos “inativos”.
Tente organizar o seu tempo, de forma a incluir atividades profissionais, atividades relacionadas à manutenção da casa, atenção à família; respeitando os intervalos para descanso e refeições e, não abra mão do tempo livre. Interagir com outras pessoas (mesmo que de longe), ler e descansar são atividades importantes também!
2- Evite confundir solidão com abandono.
Estar isolado significa estar privado do contato (físico) com as pessoas que a gente estima. Amigos, familiares etc., que estão fisicamente longe. Sentir solidão neste período de isolamento é natural. O uso dos recursos tecnológicos hoje disponíveis ajuda a manter o vínculo e se fazer presente também na vida do outro. Aproveite para promover boas conversas entre os seus.
3- Filtre os conteúdos e evite informações em excesso quando perceber que isso altera o seu estado de humor.
Quando estamos excessivamente expostos a informações, algumas delas angustiantes, exageradas ou até mesmo falsas, nosso cérebro entra em estado de alerta constante, o que prejudica nossa capacidade de relaxar, pensar antes de agir, fazer escolhas assertivas e tomar decisões inteligentes.
Procure assistir aos noticiários uma vez ao dia e nunca perto do horário de dormir. Geralmente as edições dos jornais da manhã são bem completas e suficientes para nossa atualização diária sobre o assunto.
4- Procure pensar de maneira otimista e não vitimizar-se.
O pessimismo nos impede de enxergar soluções e faz com que fiquemos bloqueados para perceber novos pontos de vista e cenários mais positivos. Estar isolado não é uma punição e sim uma necessidade deste momento para que possamos nos proteger e preservar. Permanecer em casa é importante agora, mas não é uma condição definitiva, apenas temporária. Ficar firmes no isolamento é a nossa contribuição para que tudo se restabeleça logo e bem.
5- Exercite pensar no coletivo e evite o individualismo.
Nossa individualidade, nossas necessidades e nossos pontos de vista sobre tudo o que está acontecendo, são importantes. Mas o nosso olhar para o coletivo não pode ficar de lado. Possivelmente, dividimos nosso espaço de confinamento com outras pessoas do núcleo familiar. É muito importante que cada um faça sua parte considerando o outro, com empatia, apoio, paciência, firmando acordos e colaborando para um convívio saudável e contribuindo para tornar a vida agradável durante este período.
Se pudermos contar uns com os outros, ainda que de longe, estaremos mais fortes e para enfrentar esta fase com equilíbrio.
Dra. Gabriela Uchôa
Clínica Mori
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