10/12/2010
O prefeito de Jandira, Walderi Braz Paschoalin (PSDB), morto a tiros na última sexta-feira (10) é alvo de investigação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo. Segundo o MP, Paschoalin, um ex-secretário dele e cinco vereadores estariam envolvidos em um suposto mensalão na cidade. O promotor Roberto Porto ainda aguarda a chegada de extratos bancários dos acusados. Ele suspeita que o esquema de corrupção tenha ligação com a morte de Walderi Braz Paschoalin.
De acordo com a Polícia Civil, o prefeito foi executado e não vítima de um crime político.A investigação, que é sigilosa, apura o pagamento de propina aos vereadores para aprovar projetos de interesse de Paschoalin. Segundo o MP, um ex-secretário do prefeito assassinado teria dado R$ 200 mil em espécie para ser dividido entre os parlamentares. A negociação teria sido flagrada por escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.
Os promotores de Justiça ainda apuram o envolvimento no esquema de assessores de Paschoalin, além de disputas por poder e rateio de cargos na Câmara Municipal de Jandira, município da Grande São Paulo.
A Polícia Civil também considera a hipótese de vingança pessoal para o crime. Nada foi roubado do prefeito no ato da execução.
- Eles chegaram atirando com arma de grosso calibre. Uma delas foi fuzil. O plano incluía ainda queimar o veículo utilizado no crime - disse o delegado Marcos Carneiro.
A única testemunha do crime, uma menor, disse à polícia que quando o prefeito chegou à sede da rádio, dois criminosos já desceram do carro atirando. A testemunha contou ainda que os assassinos estavam usando toucas ninja.
- Mais pessoas poderiam estar dando suporte aos criminosos, ainda não se sabe. Mas o que chama a atenção é o fato do crime acontecer quando o prefeito não estava usando o carro blindado - disse o delegado. O prefeito foi à rádio num veículo Fiesta, de propriedade de seu motorista e segurança.
Ainda segundo Carneiro, a polícia procura neste momento colher o maior número de provas materiais.
Assassinato
O prefeito foi morto a tiros por volta das 8h da última sexta-feira quando chegava à Rádio Astral FM, para um programa semanal que comandava.
Segundo informações da prefeitura, os tiros partiram de um carro que interceptou o veículo do prefeito antes mesmo que ele estacionasse. Ainda não se sabe o número de pessoas envolvidas no crime.
Paschoalin chegou a ser socorrido em um pronto-socorro municipal, mas não resistiu, de acordo com a Polícia Militar.
O prefeito estava acompanhado de um segurança, Welington Martins, conhecido como Geleia, que levou um tiro na cabeça. Segundo a PM, ele foi levado para o Sameb (Serviço de Assistência Médica Barueri) e, de lá, transferido de helicóptero para o Hospital de Clínicas de São Paulo.
Paschoalin tinha 62 anos e estava em seu terceiro mandato. De acordo com informações da prefeitura, ele foi eleito vereador de Jandira em 1976, aos 28 anos. Em 1982 foi candidato a prefeito, mas ficou em terceiro lugar. No ano seguinte assumiu o cargo de secretário de Esportes da cidade.
O político foi eleito prefeito pela primeira vez em 1988 e governou a cidade até 1992. Alcançou o segundo mandato nas eleições de 1996, sendo reconduzido ao cargo pela terceira vez em 2008.
Fonte: Folha de S.Paulo e Portal G1