15/08/2024
O anúncio foi feito em reunião com o comitê de emergência em meio a preocupações de uma cepa mais mortal do vírus, chamado clado 1B, se espalhar para outras regiões do mundo.
A nova cepa tem letalidade de até 10%, muito superior à de 1% da variante que circulou em 2022. Na época, o Brasil chegou a ser o segundo país com mais casos acumulados, com 10 mil notificações. A doença foi controlada com o uso de imunizantes para a varíola, que têm uma eficácia cruzada para tratar o vírus da mpox.
O clado 1B, que está causando tantas preocupações no continente africano, ainda não foi registrado fora de lá. Entretanto, as autoridades temem que a doença se espalhe como aconteceu com a variante 2, que levou ao surto de 2022.
Apesar disso, a declaração do mpox como emergência de saúde pública global não significa que o surto está virando uma pandemia.
O Diretor-Geral da OMS, Tedros Adhanom, disse que o potencial para uma maior disseminação dentro da África e para o resto do mundo “é muito preocupante”.
O que é a mpox?
A doença mpox é causada pelo vírus da varíola dos macacos. Este pertence ao mesmo grupo de vírus que a varíola, mas é muito menos prejudicial. O vírus foi originalmente transmitido de animais para humanos, mas agora também se espalha entre humanos. Ela é mais comum em vilarejos remotos nas florestas tropicais da África, em países como a República Democrática do Congo. Nessas regiões, há milhares de casos e centenas de mortes pela doença a cada ano. Crianças menores de 15 anos são o grupo mais afetado.
O Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças afirma que, até o fim de julho, houve mais de 14.500 infecções por mpox e mais de 450 mortes em 2024. Os números representam um aumento de 160% nas infecções e 19% nas mortes em comparação com o mesmo período em 2023.
Quais são os sintomas?
Os sintomas iniciais incluem febre, dores de cabeça, inchaços, dor nas costas e dores musculares. Erupções cutâneas podem se desenvolver após a febre passar. Elas geralmente começam no rosto e depois se espalham, na maioria das vezes nas palmas das mãos e nas solas dos pés. Casos graves podem ter lesões afetando todo o corpo, especialmente boca, olhos e genitais. A infecção geralmente desaparece sozinha e dura entre 14 e 21 dias.
Existe tratamento para mpox?
A melhor maneira de prevenir os surtos é com vacinas. Elas já foram criadas, mas geralmente apenas pessoas em risco ou que estiveram em contato próximo com uma pessoa infectada podem recebê-las. A OMS pediu que farmacêuticas apresentem suas vacinas contra mpox para uso emergencial, mesmo que elas não tenham sido formalmente aprovadas.
Qual a situação no Brasil?
Em todo o Brasil, ao menos 709 casos foram tidos como confirmados ou prováveis da doença em 2024, segundo o Ministério da Saúde, o que é significativamente menor em comparação aos mais de 10 mil casos notificados em 2022, durante o pico da doença em solo brasileiro.
Desde aquele ano, 16 óbitos foram comprovados, sendo o mais recente em abril de 2023.
O estado de São Paulo confirmou pelo menos 315 casos de Mpox nos primeiros sete meses de 2024, segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES).
De acordo com a pasta, entre janeiro e julho, o número de registros cresceu 257% em relação ao mesmo período de 2023, quando 88 foram contabilizados em todo o estado.
Apesar disso, os números deste ano ainda se mantêm abaixo dos apontados em 2022, primeiro ano da doença, quando 4.129 foram notificados.
Como a mpox é transmitida?
De acordo com a OMS, a transmissão de mpox pode ocorrer por meio do contato direto com a pele infectada ou outras lesões, como na boca ou nos órgãos genitais.
Transmissão de pessoas infectadas para pessoas sem a doença:
Cara a cara (falando ou respirando);
Pele a pele (toque ou sexo vaginal/anal);
Boca a boca (beijo);
Contato boca-pele (sexo oral ou beijo na pele);
Gotículas respiratórias provenientes de contato próximo prolongado.
Pessoas com múltiplos parceiros sexuais correm maior risco.
Transmissão de animais infectados para humanos não infectados:
Mordidas ou arranhões de animais;
Durante atividades como caça, captura, cozimento e/ou ingestão de animais infectados;
A extensão da circulação viral em populações animais não é totalmente conhecida e mais estudos estão em andamento.
Transmissão por objetos contaminados:
Pode ocorrer, por exemplo, por meio de roupas ou lençóis infectados, por meio de ferimentos com objetos cortantes contaminados, ou em ambientes comunitários, como estúdios de tatuagem.
Decretar emergência de saúde pública é uma prática rara para a OMS. Nos últimos 15 anos, foi declarada apenas seis vezes, segundo a agência Reuters. A primeira em 2009, com a epidemia de gripe A causada pelo vírus H1N1 (chamada à época de gripe suína); em 2014, graças às epidemias de ebola e pólio na África; em 2016 devido à Zika no Brasil; em 2019 com a epidemia de ebola também na República Democrática e, meses depois, com o surgimento da covid-19 inicialmente na China.