21/02/2025
Mauricio Orth
SG - Desde 2022 acompanho a Cultura, sempre passando por esta casa (a secretaria fica na Av. Santo Antônio, 307). O portão estava aberto, fui entrando, não era assim. Outra novidade é entrar nessa sala (a sala do Secretário), íamos direto para os fundos...
Pedro Henrique - Eu sei o que você está falando... A gente sente isso porque todos os artistas que entram aqui comentam sobre isso, todos! Agora deixamos as portas abertas e gostamos de receber as pessoas.
SG - Bom, então, eu queria saber um pouco da sua história, como é que você chegou até aqui. Você vem do Rio, é isso?
Pedro Henrique - Eu sou do Rio, mas eu já trabalho há mais de 20 anos em São Paulo, com audiovisual e televisão. Eu sou jornalista, tenho formação também em publicidade e em cinema, na New York Film Academy. Comecei em televisão com 25 anos. Eu peguei os inícios de projeto do Vídeo Show e do Big Brother. Fiz também um outro reality chamado Fama, musical. E aí fui para São Paulo, onde desenvolvi o projeto do Pânico na TV. Também fiz bastante campanha política e no esporte trabalhei com o Pelé em projetos que foram vendidos para o mercado internacional, então andei sempre com entretenimento e esporte. Como gestor público, em 2019 fui para Brasília trabalhar como Secretário Nacional do Audiovisual. Sempre com um lado técnico, não sou vinculado a partido nenhum. eu não gosto dessa polarização direita-esquerda, porque no dia a dia da gestão, isso não existe.
SG - E como que você veio para Cotia?
Pedro Henrique - É o Alexandre Frota (vereador), a gente se conhece. Conheço ele há 30 anos, desde que eu cheguei em São Paulo, uma relação que tem uma base na confiança. Ele me procurou e falou que ia me apresentar ao prefeito, ao Formiga. A gente se conheceu, houve uma conversa, ele pôde ouvir minhas ideias, então eu acho que houve uma empatia, assim. Aí veio o convite.
SG - E já deu para sentir como é que é o clima, você já deu para se situar?
Pedro Henrique - Meu primeiro objetivo aqui foi criar um senso de equipe, sabe? Porque é um trabalho de equipe, não é um trabalho de uma pessoa. Eu falei para eles, eu preciso de vocês. Já deu para sentir o que a gente precisa fazer, o que a gente já consegue fazer.
SG - E já também atravessou uma crise, sobre o atraso de pagamento da PNAB (Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura)...
Pedro Henrique - Sim, a gente teve uma questão envolvendo prazo de pagamento, que seria a partir do dia 20/12/24 e foi entendido como tinha que ser todo feito no dia 20. Nessa data a Secretaria já tinha fechado. Quem paga não é a Cultura, quem paga é a (Secretaria da) Fazenda, é a contabilidade. E aí começou a vir a cobrança, é o papel da imprensa, eu sei, sou jornalista. Acho que esse foi o nosso primeiro desafio. eu comecei a ir diariamente à contabilidade - eu não queria dar gerúndio, estamos vendo, estamos providenciando... - e aí veio a data do dia 31/01, a gente sabe que não foram todos contemplados ainda, mas aí tem explicações, alguns tiveram problemas na conta, os pontos de cultura, que são quatro, tinha que abrir uma conta nova, mas a grande maioria já foi.
SG - E aí você aproveitou essa data para chamar o povo do PNAB?
Pedro Henrique - Eu queria fazer uma coisa maior, mas como havia essa questão em relação a essa turma, achei bom. Esse encontro foi muito produtivo, o Formiga veio dar uma palavrinha, estava eu e o chefe de gabinete, Vavá Oliveira. A reunião foi muito legal, foi agitada. Eu sei da importância da saúde, educação, Secretaria de Obras... mas cultura, além de ter uma importância gigante, faz barulho, então a gente, sabe, tem que estar muito atento, a galera é barulhenta, é artista. Formiga deu seu recado, escolheu ali aleatoriamente três pessoas para falar e se despediu, deixando a cadeira vazia. Na minha frente estava a Amanda (Negrasim), e eu a convidei para sentar-se na cadeira. Foi bem legal, ela improvisou lá um rap, e a gente seguiu a reunião, e isso foi muito especial para mim.
SG - Pelo “barulho” na imprensa, o Frota causou muito desconforto ao afirmar que não existia cultura em Cotia
Frota teve uma reação absolutamente oposta, bem diferente. Eu sou secretário, ele é vereador, são papéis diferentes, a gente começa por aí. Aí teve a pergunta sobre uma possível interferência do Frota na Cultura. Olha, ele me indicou é pela confiança, postura e seriedade, isso eu posso garantir. É óbvio que ele vai participar, é o vereador que tem mais ligação com a cultura.
SG - Você, enquanto jornalista, fez a biografia dele, isso?
Pedro Henrique - Fiz, ele me convidou, porque ele precisava de alguém que conhecesse bastidores de televisão. Eu gostei muito do resultado, porque eu trabalhei todas as polêmicas dele na primeira pessoa, como ele falando, e todo o contexto em volta na terceira pessoa, o descritivo do jornalista mesmo.
SG - E a dinâmica de trabalho aqui na secretaria?
Pedro Henrique - Tem um ‘timing ‘que é diferente da iniciativa privada, estou me policiando porque é uma outra velocidade... Você tem uma gestão municipal, prefeito, os processos, todos os procedimentos, permanentemente a gente tem que consultar o político. É um timing diferente.
SG - Entre os eventos da Secretaria da Cultura, está prevista a Parada LGBTQIAPN+ ?
Pedro Henrique - Se tiver representatividade, vejo como pauta da Cultura sim. Mas veja, não estou falando em nome do prefeito. Eu vejo uma presença muito forte evangélica, né? Você tem na Câmara pastores, nas secretarias, é muito forte. O que sinto é que são bem abertos.
SG - Algum projeto novo, alguma data especial?
Pedro Henrique - A paixão de Cristo: ano que vem eu quero trazer esse espetáculo. Eu quero fazer uma mais forte e melhor do que Carapicuíba. A ideia é fazer um evento inesquecível. A gente também tem um desafio que é criar uma festa com a identidade de Cotia.
SG - O primeiro desafio é achar qual é essa identidade de Cotia...
Pedro Henrique - Tem as rosas, talvez seja o caminho. Acho que meio do ano seria o período perfeito pra isso. Aí, meio do ano, a coisa da cidade das rosas é história, é cultural . A gente quer fazer também esse ano um Natal iluminado. Acho perfeitamente viável de ser feito. Esse ano já muito desafiador, tem um teatro que vai ser inaugurado, um rodeio que vai ser diferente do que era, esses eventos religiosos...
SG - Teatro, quando é que ele fica pronto e qual a programação?
Pedro Henrique - Olha, em março ou abril ele deve estar inaugurando. A gente vai ter que ter um olhar muito criterioso, a gente não pode errar. Muitas oficinas. Para a programação, minha sugestão é buscar uma Organização Social (uma associação ou fundação privada que atua em parceria com o Poder Público).
SG - E o Rodeio?
Pedro Henrique - O Rodeio quem está encabeçando é o prefeito. E eu respeito isso. É um evento muito importante, o grande evento da cidade... daqui a pouco conversaremos sobre isso.
SG - Mais algum Projeto?
Pedro Henrique - Uma coisa que está na minha lista de desejos é um festival de cinema. Tem um outro que está em andamento, é surpresa, conversaremos na hora certa.
SG - Falando em desejos, uma pergunta: Se você tivesse poder total e direito a uma canetada. Qual seria essa canetada?
Pedro Henrique - Toda pessoa que ocupar um cargo público obrigatoriamente tem que saber o que é uma gestão. Qualquer um, seja ele secretário, prefeito, governador, presidente da república. Eles têm que entender de gestão, porque isso é muito sério. Ninguém pode ocupar um cargo sem estar devidamente preparado. Você tem que passar por pelo menos um curso.
© SITE DA GRANJA. TELEFONE E WHATSAPP 9 8266 8541 INFO@GRANJAVIANA.COM.BR
