04/04/2022
O ano era julho de 2018. João Dória (PSDB) acabara de descumprir uma de suas promessas que era a de não deixar a Prefeitura da capital para concorrer às eleições. E se apresentava então como pré-candidato a governador do Estado, aliado ao então candidato Jair Bolsonaro, à época no PSL. E apoiado pelo prefeito de Cotia, Rogério Franco (PSD).
Durante evento badalado e lotado, na pré-campanha eleitoral, Dória assumiu o compromisso com a Raposo e discursou:
“Não é promessa de campanha, mas um compromisso junto com os prefeitos de avaliarmos qual a melhor alternativa possível e viável para melhorar a questão específica do excesso de automóveis na Raposo Tavares”, disse o então candidato em seu discurso em Cotia.
Vale dizer que essa promessa não foi suficiente para garantir votação expressiva dos eleitores de Cotia, que escolheram seu adversário Márcio França (PSB) nas urnas. Mas Dória foi eleito. E voltou à cidade já como governador em agosto do ano passado, quando o plano de mobilidade já havia sido concretizado e assinou a ordem de serviço de R$ 96 milhões, conforme publicado aqui no Site da Granja.
Feito isso, algumas burocracias a serem cumpridas, e finalmente a licitação da obra que começa ou começaria na altura do km 25, ligando o Parque São George ao Jardim da Glória.
Mas isso não aconteceu. O prefeito de Cotia Rogério Franco, durante discurso na Sessão Solene que comemorou os 166 anos de aniversário da cidade, no sábado (2), se diz frustrado:
“A Prefeitura de Cotia assumiu e o ex-governador veio aqui na cidade, assumiu o compromisso, assinou o documento e nós fizemos a nossa parte. Ele pediu que a cidade de Cotia fizesse o projeto executivo, nós gastamos R$ 5 milhões do nosso orçamento, que poderia ser investido em outras áreas, acreditando, mais uma vez, na palavra de um daqueles, entre tanto outros que por aqui passaram, que prometeram essa obra. Mas estamos hoje em abril e sequer a obra foi licitada. Essa é uma das maiores frustrações que eu tive como prefeito da nossa cidade. Mas eu não desisto dos nossos sonhos”
Vale lembrar que a verba de R$ 5 milhões a que o prefeito se refere foi fruto de uma contrapartida com a GP Desenvolvimento para custear o projeto executivo. À prefeitura caberá ainda arcar com as desapropriações e obras nas vias internas que fazem parte do projeto, como avenidas São Camilo e José Felix de Oliveira, entre outras.
João Dória deixou o governo do Estado para concorrer à presidência da República e seu compromisso com os prefeitos da região e os moradores não foi cumprido.
O que corre nos bastidores é que o motivo da não licitação da obra seria político, uma vez que o prefeito de Cotia - que chegou a chamar João Dória de “meu presidente” durante a assinatura do convênio -, mudou de lado e agora estará na base de apoio do candidato do PT, Fernando Haddad.
De todo modo, vale dizer que a Rodovia Raposo Tavares, apesar de cortar a cidade de Cotia, é uma via Estadual cuja responsabilidade é do governo do Estado. Mas também sem esquecer que uma cidade é representada por seus vereadores e prefeito, que são - ou deveriam ser - porta-vozes para essa e outras necessidades.
Aguardemos que seu sucessor no governo do Estado, Rodrigo Garcia (PSDB), candidato à reeleição, assuma essa responsabilidade.