05/04/2011
Você sabe para onde vai e o que é feito do lixo que produzimos todos os dias? De onde ele vem, todos sabem, mas seu destino final, muito além da lata, ninguém se importa muito. Afinal... é lixo!
Pois veja só a situação: 76% do lixo coletado no país fica a céu aberto, o que equivale a mais de 180 mil toneladas diárias; o restante distribui-se entre os aterros sanitários e controlados, usinas de compostagem, incineradores e apenas uma mínima parte desse montante todo para reciclagem.
Ou seja, estamos apenas engatinhando no processo de descarte e reutilização do lixo, uma questão vital para nossa sobrevivência neste planeta!
A geração incessante e crescente de lixo diário, deu origem a mais um personagem para a lista de trabalhadores informais: o catador de lixo, que dada a oferta de material, vem se profissionalizando dia após dia, conhecendo, selecionando e separando o joio do trigo.
Sensível à situação desse curioso profissional e buscando uma forma de tornar sua vida menos árida, o artista plástico Vik Muniz pesquisou, de 2007 a 2009, o modo de vida dos catadores de lixo do maior aterro da América Latina, o do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias (RJ), responsável por receber cerca de 70% dos dejetos da capital fluminense.
Vik desenvolveu então um projeto social que conseguiu mudar a vida de alguns catadores. O documentário "Lixo Extraordinário", que estreou este ano, mostra o cotidiano desumano de quem sabe para onde o lixo vai. Conformados com sua triste e insalubre rotina, os catadores são muito conscientes da importância de seu trabalho, pois "alguém tem que separar o lixo".
Mesmo assim, não perdem o senso de humor. Com muita simpatia, os catadores descobrem curiosidades em meio ao lixo, como livros e objetos em bom estado, mas que alguém julgou não ser mais necessário.
A presença de Vik mudou a auto-imagem dos catadores. O artista começou a montar obras utilizando os itens descartados pelos catadores, que serviram de modelo, e criou imagens compostas por nada mais, nada menos do que lixo. Esperançosos, os trabalhadores começaram a acreditar que poderiam ter outra vida.
A transformação do descartável em arte mostra uma série de possibilidades do que se pode fazer com o lixo. Mais do que mudar a vida de alguém, como Vik fez, cuidar do lixo significa mudar a vida de muitos, inclusive a sua. O lixo não precisa ser problema nem gerador de poluição, doenças ou desgraças. Basta saber usá-lo.
A reciclagem já é um bom exemplo disso. Mas podemos ir além. Pense nos objetos que você descarta para a reciclagem. O que você pode fazer com eles? O projeto "Virando do Avesso" trabalha com a confecção de objetos feitos a partir do lixo, ensinando modos de reutiliza-lo com simplicidade e imaginação.
Reduzir o lixo também é uma opção. Em setembro de 2010, o Site da Granja fez uma reportagem sobre a compostagem e a reutilização do lixo, "A Granja e o lixo, o que fazer?".
Como se pode ver, ainda há muito a ser feito para se reestruturar a cultura do lixo. E esse processo depende de cada um de nós, do nosso compromisso em proporcionar às futuras gerações trabalhos mais saudáveis e um meio ambiente compatível com a vida.
Marina Novaes - Estudante de jornalismo da PUC-SP e estagiária de comunicação interna dos Laboratórios Pfizer