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Cristina Von Por Angela Miranda"Só percebi que tinha esse sotaque carregado quando participei do programa da Ana Maria Braga.

24/02/2010








Por Angela Miranda

"Só percebi que tinha esse sotaque carregado quando participei do programa da Ana Maria Braga. Que coisa absurda. Odiei, é horrível! Até chorei!", diz puxando nos "erres". Assim é Cristina Von Narozny. Autêntica, engraçada e cheia de jovialidade, conversar com ela é uma aula de diversidade que envolve história, espiritualismo, glamour e fatos inusitados. Na verdade, sua vida se divide em duas partes, antes e depois de chegar ao Brasil. E ambas dariam um livro, tanto são os detalhes.

Veja fotos abaixo.

Nascida em Riga, capital da Letônia, uma das três repúblicas bálticas, quando o país ainda pertencia à Alemanha, Cristina é filha de pai alemão e mãe russa. Seu pai, um oficial da SS (organização paramilitar ligada ao partido nazista), e um dos homens mais ricos da Letônia, morreu durante a guerra quando ela tinha seis anos. Ainda durante a guerra, seus pais se divorciaram. Como era costume, o irmão ficou com a mãe e ela com o pai. Quando os russos invadiram a Letônia, ela foi viver com a avó, na Checoeslováquia. "Eu era uma menina muito mimada. Tinha um quarto cheio de brinquedos. Era tão grande que tinha até um pônei empalhado. Eu lembro que ficava impressionada com a rolha que ele tinha embaixo do rabo. Na casa da minha avó, não tinha brinquedos, nem roupas, mas era uma casa muito grande e bonita que, hoje, é a prefeitura da cidade". Ela conta que uma tia, com pena, deu-lhe um carrinho de boneca, segundo ela horrível, para que brincasse. "Um dia, chegou aqui na loja um homem com um igual para deixar em consignação. Aquilo me impressionou muito. Eu fiquei com ele", diz, mostrando o brinquedo no canto da loja.

Quando o pai morreu, Cristina voltou a morar com a mãe e o irmão, vivendo em diversos campos de refugiados. Fugiram e mudaram-se tanto que só souberam da morte do pai nove anos depois. Viúva, sua mãe casou-se com um engenheiro russo, que fora convidado pelo governo brasileiro para trabalhar na Companhia Siderúrgica Nacional. Em 1950, aos 11 anos, a família deixou o porto de Gênova em direção ao Rio de Janeiro, na época Distrito Federal. Após 17 dias, o navio aportou no Brasil. Após quatro meses hospedados no Hotel Glória com tudo pago, o padrasto começou a reclamar ao governo que não estava de férias e que queria começar a trabalhar. "Acho que, de raiva, nos embarcaram em um trem para São Paulo, de segunda classe, e nos hospedaram em um hotel que nem ponta de estrela tinha, no centro da cidade".

Sem falar português, sentia saudades da Alemanha, das primas e da avó. "Acredita que eu não podia ver uma palmeira que caia no choro. Elas eram o indício de que estava muito longe do meu país. Hoje, amo palmeiras". A interação com o país só aconteceu quando se mudaram para uma hospedaria alemã, na Av. Angélica. Agora, ela tinha três irmãos, dois deles do segundo casamento da mãe, um deles já nascido no Brasil.

Aqui, seu padrasto trabalhou nas indústrias Matarazzo, na Aços Villares e, depois de aposentado na indústria Aços Fiel. Muito bonita e alta para os padrões brasileiros da época, aos 17 anos, Cristina foi aconselhada a fazer o curso da Escola Francesa de Manequins e não parou mais. Começou a desfilar para as maiores casas de alta costura do Brasil, entre elas, Madame Boriska e Madame Rosita; foi manequim da Rodhia e dos costureiros Denner e Clodovil, dos quais se tornou grande amiga. Cristina, que ganhou o Sapatinho de Ouro, o mais importante prêmio da época dado a manequins, casou-se seis vezes, a primeira, aos 17 anos, ficando viúva com apenas 21 anos. A sua vinda para a Granja deve-se ao casamento com o empresário Geraldo Gavião Monteiro. O casal construiu uma mansão na Av. São Camilo que ficou conhecida como o Castelinho.

Foi Cristina quem trouxe Denner e Clodovil para a Granja. Dos dois, ela tem muitas lembranças e casos divertidos, principalmente envolvendo o temperamental Clodovil. "Um dia, ele chegou em minha casa porque queria falar comigo. O motorista me disse que ele estava muito nervoso. Quando fui falar com ele, foi me dizendo: `Já soube que o Denner já está morando na Granja. Isso só pode ser obra sua. Pega o meu terreno e coloca à venda. Eu não vou morar no mesmo bairro onde mora um viado!´.

Cristina morou durante 28 anos no Castelinho, onde teve uma confecção de jeans e de bordados. Hoje, ela recebe os amigos e conta as suas histórias na sua loja de antiquidades. Em meio às peças de muito bom gosto, estão lembranças de suas duas vidas, o carrinho antigo e uma foto de Clodovil, ainda moço, cuidadosamente emoldurada na parede. "Foi um presente que ele me deu".


Fotos: Ligia Vargas

Angela Miranda
Jornalista, Geógrafa e moradora da Granja Viana há mais de 20 anos.

angela@granjaviana.com.br



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