13/07/2017
Cotia, 1º de julho de 2017
Caros amigos,
Nas últimas semanas tem sido recorrente no Projeto Âncora a discussão como o Estado tem tratado o problema da Cracolância, nome que se deu a uma área do centro da cidade de São Paulo, onde historicamente se desenvolveu intenso tráfico de drogas.
Desde 2005 a prefeitura tenta inibir o consumo de drogas no local, e em 2007 lançou um programa chamado Nova Luz estimulando tornar a área atrativa a investimentos privados.
Críticos do programa veem um caráter higienista na ação, uma política voltada para o mercado imobiliário e não para os grupos mais vulneráveis da região, como os sem-teto, os pequenos comerciantes, moradores e trabalhadores locais e os usuários e dependentes do crack (muitas crianças e adolescentes).
Muito dinheiro já foi investido em ações na área. Em 2013 o governo estadual gastou 80 milhões. De 2014 a 2017 outro investimento de 12 milhões por ano. O novo governo municipal, como os demais, também promete solução e trabalha com um valor de 25 milhões repassado pelo governo federal. O fato é que uma política de fato transformadora da realidade ainda não aconteceu.
À luz dos nossos valores e práticas, temos refletido sobre o tema tendo como foco principal as centenas de pessoas que vivem na mais extrema pobreza e consumidas pelo flagelo do vício. Uma população que tem apenas o espaço público da rua para viver, são os mais excluídos entre os excluídos.
Paulo Freire dizia que conhecer o problema é fundamental para sua solução. E que o conhecimento do problema não pertence a umas poucas mentes brilhantes, tampouco a solução virá dessas mentes. O conhecimento do problema, assim como a melhor solução só virá de um coletivo e, principalmente, daqueles que mais de perto vivem o problema.
O Projeto Âncora acredita na capacidade de transformação do ser humano e na possibilidade dele ser sujeito e protagonista na história.
Temos a certeza de que a exclusão não acaba com o problema. A compaixão, a seriedade no trato, as ações políticas bem planejadas, construídas em conjunto com todos os públicos envolvidos é a melhor fórmula para a melhoria da vida de todos na cidade.
Abraços inclusivos,
Regina Machado Steurer
Conselheira Projeto Âncora
Projeto Âncora
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