17/05/2024
No dia 16 de abril o movimento Nova Raposo Não ganhou importante espaço na luta a favor de um projeto contemporâneo para Avenida Raposo Tavares, como está sendo reconhecida por urbanistas, ambientalistas, autoridades públicas e público em geral, preocupado com a privatização dessa importante via expressa urbanizada da Grande Oeste Paulista e presentes no evento que foi das 19h às 22h.
O auditório dedicado à atividade foi menor que o público estimado e as pessoas se dirigiram para outro local da ALESP, que comportou a audiência com cadeiras a mais e pessoas sentadas nas escadarias. Quem presidiu os trabalhos foi a representante do mandato coletivo estadual do Movimento Pretas, a deputada Monica Seixas(PSOL). Tanto a Agência de Transportes do Estado de São Paulo, como a Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito e Secretaria de Parcerias foram chamadas para a audiência, mas não compareceram. Veja a audiência na íntegra AQUI.
As reivindicações do Movimento Nova Raposo Não são várias e criticam: Audiências Públicas fictícias, falta de um projeto de transporte público, autoritarismo dos poderes executivos de SP, falta de transparência em todo o processo, desserviço frente à emergência climática e ausência de um projeto com os devidos estudos socioambientais e de impacto de vizinhança.
Na mesa estavam Ivan Maglio, ambientalista, professor da USP Leste; Fabio Robba, arquiteto e urbanista; Sérgio Reze, do Defenda São Paulo e Associação Amparar; Renata Esteves, advogada ambiental e a vereadora Luana Alves (PSOL).
A audiência foi dividida em duas partes. Uma de apresentação dos membros da mesa e outra de microfone aberto aos participantes. “Estamos vivendo uma bomba fora do tempo. É o Rodoviarismo x Cidade Sustentável. Um contrassenso”, diz o professor e arquiteto Ivan Maglio que inaugurou as apresentações e questiona firmemente a ausência de projeto, inclusive o da Linha 22 do metrô projetada para ligar o Butantã a Cotia. “Transporte público de qualidade é a modalidade de transportar pessoas no século 21. Onde está o projeto do metrô? O que fizeram com ele? Não queremos mais carro, mais poluição, mais calor em benefício ao lucro das concessionárias”
A advogada Renata Esteves em sua apresentação contundente afirma que a Nova Raposo “descumpre escandalosamente três instrumentos legais: Constituição Federal, Plano Diretor de SP 2023, Estatuto das Cidades. Nas três, a participação popular é imperativa, simples assim. Se querem mudar as regras, mudem a Constituição” e observa que foi avisada em 11 de abril que em 5 dias teriam duas audiências sobre a gigantesca obra sem que a população tenha contato com o projeto. “Uma desconformidade gravíssima que inclusive fere diretamente 3 ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - agenda 2030 (Boa Saúde e Bem Estar, Cidades Sustentáveis e Combate às alterações climáticas).
O arquiteto Fábio Robba, morador do Butantã, tomou um susto ao ver o vídeo divulgado pelo Governo do Estado: “Vejo umas imagens lindas, com linhas mágicas passando por tudo, inclusive por cima da minha casa. Fiquei em pânico, entrei no site da ARTESP, baixei um material imenso e li a informação que em 5 dias haveria audiência sobre o Projeto”. No material divulgado pela ARTESP , diz em arquivo em inglês que haverá um aumento de 111 mil veículos por dia. Fábio também traz outros números como o problema de desapropriação de cerca de 1100 lotes no percurso dentro da cidade de SP. “Estamos com uma agenda ambiental que exige descarbonização”, finaliza o arquiteto.
O ativista e músico Sergio Reze mostra um vídeo em sua apresentação do impacto social do projeto, com depoimentos de moradores e empresários do eixo Butantã-Cotia: “Nossa democracia está dando marcha ré. As autoridades negam solenemente a lei e apontam para um esgarçamento social formado por pactos (leis) que estão sendo rompidos”. Sérgio também convida os transeuntes da “avenida” Raposo Tavares a fazer vídeos, marcar o movimento e acredita que juntos somos capazes de mudar esse quadro no combate ao autoritarismo vigente.
Com microfone aberto, o primeiro a se manifestar foi Nabil Bonduki, arquiteto, urbanista, professor, político, que possui uma trajetória voltada à produção acadêmica sólida e uma vida pública focada na transformação de São Paulo. “Precisamos inverter a lógica tradicional de planejamento urbano. Falamos de cidade para pessoas, restringir automóveis, renaturalizar rios, e esse projeto é um enorme desastre em inúmeros pontos de vista que representa o modelo a ser transformado".
Nas falas da população foram recorrentes pontuações sobre a Gentrificação (processo de mudar o caráter de um bairro através do influxo de residentes e empresas mais abastados), negacionismo climático (pensamento daqueles que negam a realidade do aquecimento global ou, ao menos, negam que os seres humanos tenham um papel relevante neste fenômeno), racismo climático (prática de deslocar comunidades racialmente marginalizadas para áreas contaminadas, sujeitas a poluição e impactos ambientais prejudiciais).
Agenda do Movimento:
25/05: A partir das 14hs, Plenária do Movimento Nova Raposo Não na Escola Amorim Lima, no Butantã.
29/05: A partir das 19hs, audiência pública na Câmara dos Vereadores de Cotia, convocada pela Frente Parlamentar contra o Projeto Nova Raposo, para debater o tema.
09/06: Grande abraço na Raposo Tavares em todo o trecho do Butantã até Cotia, com diversas mobilizações setoriais e de bairro.
Audiência ALESP na íntegra: Aqui
Instagram: @novaraposonao
Saiba mais sobre o projeto Nova Raposo
Projeto Nova Raposo na ARTESP