03/12/2009
Entrevistamos a publicitária Tatiana dos Santos Sartori, 32, a respeito da estrutura que a Granja Viana oferece para receber cadeirantes. Com 19 anos, Tatiana sofreu um acidente de carro que a deixou paraplégica. Granjeira há 18 anos, enfrenta dificuldades para circular em seu próprio bairro.
Quando afirmou que a estrutura da Granja é totalmente inadequada, Tatiana centrou suas críticas no centrinho, onde a maioria dos estabelecimentos não possui rampa de acesso, sanitários apropriados, calçadas... Alguns disponibilizam vagas exclusivas para cadeirantes, mas não possuem rampas para o segundo andar, apenas escadas.
"Sempre pecam em alguma coisa", concluiu Tatiana que desanima ao pensar que a Granja não possui nem calçadas e transporte público acessível, o básico do básico!
Além de vagas, rampas e sanitários, os restaurantes deveriam ter mesas com altura adequada em relação à cadeira de rodas e espaço livre para circulação.
Ao citar alguns locais, comentou que se não fosse pelas pedrinhas no pátio da Estação do Sino, o estabelecimento poderia ser considerado apropriado para receber cadeirantes, junto com o Celeiro da Granja, que possui um espaço bem amplo, e a pizzaria Granjota. Ela já chegou a pedir melhorias nos lugares que gosta, mas como não teve resultados, preferiu deixar de frequentar.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) elaborou a norma 9050, que estabelece critérios e parâmetros para acessibilidade. A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência também foi elaborada com a participação de 192 países, dentre eles o Brasil, sendo que o artigo 9 estabelece medidas para acessibilidade.
Sendo assim, as prefeituras dos municípios deveriam ter uma comissão de acessibilidade que fiscalizasse os estabelecimentos. Em São Paulo existe a Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA).
A prefeitura de Cotia a Secretaria de Habitação e Urbanismo conta com fiscais que orientam os empreendedores para que atendam as normas. As construções anteriores ao ano de 2003, em situação de ampliação e reforma, também recebem a orientação sobre as adaptações. Mas estas medidas pelo que vimos não tem trazido muitos resultados.
Os cadeirantes, as pessoas com necessidades especiais, bem como toda a comunidade, deveriam se mobilizar por meio de cartas, denúncias, críticas, telefonemas e manifestações para fazer valer os seus direitos. Afinal, se a lei é para todos, por que todos não a respeitam?
Por Marina Novaes
Fotos: Pedro Pacheco