07/11/2019
Mais uma reflexão da Série “Contos do Despertar” do grupo Gurdjieff Granja
Um dia perguntei ao meu velho amigo Arcebispo da Igreja Ortodoxa se ele acreditava em milagres. Ele me contou a sua história:
“Eu tinha 28 anos e me sentia o rei do mundo, pois era presidente de uma multinacional (tendo sob o meu comando centenas de pessoas) e vivia um tórrido romance com uma linda garota.
Então, sofri um desmaio na garagem do meu prédio. No Pronto-Socorro, um exame de imagem detectou um enorme tumor na minha cabeça em um local de difícil acesso, com grande risco de vida ou de graves sequelas, no caso de uma cirurgia.
Lembro-me perfeitamente daquela noite terrível, quando cheguei ao apartamento de cobertura em que morava sozinho. Apaguei as luzes, fui para a sacada e fiquei contemplando o céu noturno de outono, de um azul-escuro profundo, sem nuvens, e murmurei:
— Cristo, Cristo, Cristo, tenha piedade de mim e me diga o que fazer para mudar o meu destino...
Minha família, de origem russa, era muito religiosa. Cresci nessa forte atmosfera devocional. Quando voltei para dentro do apartamento, quase desmaiei de susto: um homem que parecia saído de um mural religioso estava parado bem no centro da sala, envolto em um halo de luz.
Achei que estava tendo uma alucinação causada pelo tumor. Mas uma força poderosa me fez relaxar e contemplar, sem nenhum temor, aquela figura de outro mundo. Subitamente, a visão, que parecia em tudo uma materialização do Cristo, começou suavemente a se desfazer, até desaparecer por completo.
Passei a noite em claro, profundamente comovido por aquela experiência avassaladora, e no dia seguinte, ao amanhecer, recebi um telefonema do hospital dizendo que meu exame tinha sido trocado e que não havia nada grave acontecendo comigo.
Em estado de graça, fui para a sacada respirar o ar puro da manhã e, ali mesmo, sob a luz do sol, tomei a decisão de mudar radicalmente o rumo de minha vida e abraçar o caminho religioso.
Mas os milagres têm um preço, meu amigo. Passei vários anos procurando Cristo dentro de mim, antes de poder ajudar outras pessoas. Hoje posso afirmar, com muita alegria e gratidão, que a presença DELE em cada célula do meu SER é o maior de todos os milagres.”
Carmem Carvalho e Marian Bleier