28/01/2021
Mais uma história da série Contos do Despertar
Um imenso aquário foi construído no fundo do oceano por cientistas interessados em pesquisar a vida marinha.
Aos poucos, várias famílias de peixes foram se acomodando nesse espaço e como sempre encontravam alimentos e se sentiam em segurança, nasciam, cresciam e morriam ali.
Ora, um dia entre os dias, nasceu em uma dessas famílias um peixinho diferente, de natureza bem rebelde. Seu avô contava-lhe histórias sobre a existência de um oceano imenso que continha todo o tipo de criaturas, onde a vida era cheia de maravilhas e terrores, uma aventura indescritível.
Quando o peixinho se tornou adulto, encantado com a imaginação de um mundo novo, decidiu abandonar sua casa e sua família para viajar em busca de seu sonho: encontrar o oceano.
Nadou durante vários dias até bater em uma das paredes de vidro transparente do aquário. Era tudo muito estranho, pois a paisagem à sua frente parecia exatamente igual, mas havia uma barreira invisível que o impedia de seguir adiante.
Decidiu, então, procurar uma saída, uma abertura, por menor que fosse, e foi seguindo encostado na parede de vidro por toda a sua dimensão. Depois de várias voltas descobriu, desesperado, que estava dentro de uma prisão, por todos os lados havia um limite intransponível.
Falando com os outros peixes sobre sua descoberta, compreendeu que, ao seu redor, ninguém percebia essa realidade, todos acreditavam que eram livres, que podiam viajar sem problemas e que o tal do oceano era pura ilusão.
Um dia, observando mais atentamente a movimentação dos peixes, percebeu que todos nadavam na horizontal, em quatro direções, menos para cima. Aquela descoberta foi avassaladora! Mudou completamente a visão que ele tinha do mundo.
O peixe, então, decidiu nadar para cima em direção ao alto, uma tarefa difícil que exigia toda a sua energia e vontade. Depois de muito tempo, sacrifício, esforço e determinação, começou a perceber uma claridade diferente da escuridão onde sempre vivera, no fundo do mar. Suas escamas brilhavam!
Até que, para sua surpresa e maravilhamento, não existia mais nenhuma limitação, a barreira invisível havia desaparecido como em um passe de mágica e ele agora podia nadar livremente em todas as direções na imensidão das águas, vivenciando as fantásticas e misteriosas aventuras de um oceano sem fim.
Carmem Carvalho e Marian Bleier