15/07/2019
Da série “Contos do Despertar”
No lançamento do meu livro “Vida Espiritual e vida ordinária”, uma youtuber me perguntou como surgira a ideia de escrever um texto tão incomum. Foi assim que, pela primeira vez, contei a minha história:
Eu era um repórter conhecido de um jornal bem influente na época quando, um dia, deram-me a tarefa de entrevistar um homem considerado Mestre Espiritual, aqui mesmo, em uma casa nos Jardins, em São Paulo. Avisei a redação que, como ateu convicto, não era a pessoa ideal para esse trabalho. Detestava o misticismo, achava tudo uma palhaçada. Mas como não havia mais ninguém disponível, e nosso diretor queria publicar a matéria na edição de domingo, tive de assumir a função.
Cheguei com o gravador e a máquina fotográfica antes da hora marcada. Fizeram-me entrar em uma sala onde um homem de olhos escuros e penetrantes, de cerca de 60 anos, me aguardava. Sentei em sua frente com um suspiro de irritação e já ia começar a falar, quando tudo se apagou de minha mente, fez-se um vazio, um silêncio, e eu fiquei ali estático, esquecido de tudo.
Uma deliciosa sensação de juventude e bem-estar percorreu meu corpo inteiro. A dor na lombar que me infernizava há anos, subitamente, desapareceu (e nunca mais voltou). Ele me olhou longamente, como se me conhecesse desde criança, e no mesmo instante senti uma paz, uma felicidade no peito até então desconhecidas para mim. Fiquei ali sentado, chorando silenciosamente, por algum tempo.
Então, ouvi sua voz dentro da minha cabeça, uma audição telepática sem uso do som exterior:
- O que você veio buscar?
- Esqueci (respondi também mentalmente, para minha surpresa), só quero ficar aqui.
Cerca de uma hora depois, ouvi novamente suas palavras no silêncio da minha mente:
- Agora você precisa ir, mas, se desejar, pode voltar a me procurar. Sempre que possível eu me reúno com um grupo de pessoas para meditar e conversar sobre o invisível mundo interior. E, para que não perca o presente que O Milagroso lhe deu hoje, deve guardar segredo desta experiência até o dia em que publicar seu primeiro livro.
Isso aconteceu há cerca de vinte anos e, desde então, quando retorno das reuniões semanais com o meu Divino Mestre, sempre escrevo uma síntese do que vivi e aprendi. Foi assim, exatamente assim, que nasceu o livro.
Carmem Carvalho e Marian Bleier