13/05/2015
A energia da vida, que anima meu corpo, não irá embora da Terra quando eu me for. Ela continuará nos seres que vivem no planeta. A energia da criação está borbulhando no meu cérebro agora, enquanto procuro palavras para dizerem o que quero.
De vez em quando dou risadas, e também minha avó dava as suas, a bisavó, a tataravó ... As risadas são apenas emprestadas, quando a pessoa já não mais ri, ela continua soando por aí, quando outro alguém encontra algo engraçado.
Hoje no carro, com meu filho sonolento, vi que estava prestes a discutir em reação à energia da irritação que estava nele. Ao perceber, resolvi não colocar lenha na fogueira.
Já notou quando a energia da discórdia vem se instalando? A voz vai aumentando seu volume, os olhares ficam agressivos, as palavras ferem...
Todas as energias querem se manifestar, nenhuma quer deixar de existir. Já experimentou arrumar uma bagunça de décadas? Eu já! Tinha fabricado um bom ninho para a energia da desordem, e resolvi dissipá-la. Ela não gostou, me contra atacou com a energia da estagnação.
A energia do vício é prá lá de poderosa. Ela manda e desmanda e o viciado diz que está no controle. Ele sente que tem uma energia tão forte ali, que é melhor se aliar a ela, e, sim! obedecer! Corra para comprar uma boa droguita, ou mais um gole, para garantir a paz com ela, e também a energia inebriante do prazer! of course. Depois, muitas vezes, vem no pacote a energia do arrependimento, da inadequação...
A energia da tristeza enche os olhos de lágrimas, mesmo quando a pessoa não quer chorar e a energia da paixão não correspondida facilmente vai em direção a obsessão!
Energias mandonas, manipuladoras, amorosas... Assim me sinto num terreiro e as várias energias querendo que eu as sirva, que eu entregue esse meu hermoso corpinho para que elas atuem, tal qual acontece com o cavalo, que é o nome que se dá ao médium que incorpora os guias na Umbanda.
Outro dia a energia do falar mal me pegou, eu tagarelava, e a pessoa, de quem eu estava falando, ouviu tudo pelo celular. Que vergonha! Ela, surpreendentemente, me acolheu com uma energia tão transformadora, que fiquei pensando se fui usada pela energia da evolução, para conscientizá-la do que ela andava fazendo. Essa pode ser a energia da justificativa, querendo me safar da responsabilidade. Fico então com a energia da humildade e vejo que, muito mais vezes do que gostaria, deixo a energia da mediocridade me pegar pelos cabelos e me transformar numa fofoqueira. Credo!
Será que posso convocar a energia da lucidez para ser um cão fiel ao meu lado, não me deixando embarcar em energias inconsequentes?
Enfim, é um sambinha do crioulo doido ficar a mercê delas. Um bom projeto : aprender a estabilizar a mente para poder perceber quando a energia chega. Reparar se ela vem veloz e já me mobiliza, ou se ela escorrega insinuante, se apoderando silenciosa de todo o território interior.
Os cientistas não gostam que se aproprie da palavra energia e a use assim, para algo que se pode chamar de estados de espírito. A energia do protesto pegaria certamente um físico, nesse caso. Peço, então, licença poética para usar essa palavra para falar daquilo que nos anima. Essa “substância” invisível que nos mobiliza e causa impacto nas nossas relações com a vida e com os outros.
Agora vou indo, abandonar o tal corpinho hermoso na cama e me entregar à energia da restauração, que acontece quando durmo, e assim que abrir os olhos, amanhã, quero ver qual será a primeira energia prontinha para vir me habitar, e se vou opor resistência ou já vou logo obedecendo!