20/03/2013
Seguranças o dia todo em pé com ternos escuros em frente a lojas que vendem objetos muito caros. Vários deles valem mais do que o salário mensal destes homens.
Pessoas isoladas dentro dos seus carros para lá e para cá.
Rapazes em plena força física dobrando roupas em lojas.
Pessoas comprimidas dentro de ônibus. Pessoas esperando tempos compridos em pontos de ônibus, que não tem o intinerário informado neles.
Crianças que “tem porque tem!” que ficar sentadas em frente e atrás de seus colegas, caladas, aprendendo coisas que muitas vezes não entendem.
Adolescentes colando em provas porque a nota boa tem que ser o objetivo de seus estudos.
O rapaz ficando tetraplégico porque o ladrão apertou o gatilho. Muitas coisas que fazem mais mal do que bem sendo vendidas nos supermercados.
Quase todas as mulheres se sentindo feias porque não tem o corpo da linda modelo.
Trabalhadores que pouco vêem seus filhos por causa da jornada de trabalho e transporte ineficiente.
Somas gigantes de dinheiro versus miséria. Abusos de todo tipo. Violência. Corrupção.
Olhando esses exemplos dá para ver rapidinho para que direção nossa nave mãe Terra voa. Como tripulante gosto não do rumo das coisas.
Certa vez fui convidada para uma reunião. Ali, a ideia era provar que há uma cúpula de judeus que dirige o mundo. Apesar de muito jovem na época e não ter conhecimento para argumentar, não conseguia visualizar aqueles poucos judeus em volta do tabuleiro da existência jogando xadrez com nossas vidas.
Claro que há pessoas muito poderosas e que suas decisões impactam milhões de vidas e criam rumos. Por exemplo, a decisão de investir pouco no transporte público aqui no Brasil tem seu reflexo nos frequentes congestionamentos no meu dia a dia.
Um homem poderoso, Bill Gates, inventou o computador pessoal e isso também alterou muito o cenário das nossas vidas. Ele também está fazendo diferença para muitas outras pessoas por ter doado cerca de trinta bilhões de dólares, segundo a revista Forbes, apoiando pesquisas na área da saúde e desenvolvimento de energias sustentáveis e limpas.
É confortável imaginar que há uma cúpula responsável por todos os nossos males ou poucas pessoas que dão as cartas das nossas vidas e, portanto, há pouco a fazer além de reclamar.
Bill Gates poderia ter optado por gastar seus bilhões fazendo cruzeiros eternos por mares paradísiacos e não pagando o salário do biólogo brasileiro, que conheço e mora próximo de Paris, para pesquisar a cura da malária que mata milhões de crianças na África.
Cada um de nós opta o tempo todo e o que escolhe causa impacto sempre. Tenho tentado não me distrair desse poder que eu, pequena aqui no meu cantinho do mundo, tenho.
Sou tripulante, a nave é de todos nós. As coisas, os fatos dos quais eu tenho vontade de reclamar é campo aberto para eu trabalhar.