10/11/2010
Dito Preto, um amigo meu, caminhãozinho Ford 29 para puxar cana na Fazenda. Tinha comprado à prestação, mas o Fordinho estava acabado.
Ele trabalhava com o caminhãozinho Fordeco durante a semana e no sábado colocava as varas no caminhãozinho e ia pescar. Naquele sábado, ele já tinha tomado "umas e outras" e ia indo para o Rio Sapucaí. No meio da estrada, apareceu um guarda rodoviário. O policial fez sinal para ele parar. Dito Preto foi indo com o caminhãozinho pelo acostamento. "Beeeeeeem" lá na frente parou. O guarda chegou e disse:
- Deixa eu ver a carta...
...de motorista.
- Seu guarda, não vou enganar o senhor. Não vou dizer que tenho
carta porque eu não tenho. Comprei esse caminhãozinho para puxar cana na fazenda e ainda não deu pra comprar a...
...carta.
- Então deixa eu ver o documento do caminhão.
- Seu guarda, não vou enganar o senhor. Não vou dizer que tenho documento porque não tenho. Ainda não comprei não, senhor.
- Não tem carta, não tem documento...
- Mas todo mundo me conhece por essas bandas, seu guarda. É só perguntar. Todo mundo sabe que o caminhãozinho é meu. Quando tiver tempo, vou comprar a carta e o documento lá com o delegado.
- Então acende os faróis.
- Vai desculpar, seu guarda, mas o direito não tem. E o esquerdo tá queimado.
- E a buzina?
- Não vou dizer pro senhor que tenho, porque não tenho. Comprei o caminhãozinho à prestação e não deu pra colocar a buzina.
- E o breque? Pelo menos o breque, o senhor...
...tem?
- O senhor acha que se eu tivesse breque não tinha parado lá atrás, quando o senhor mandou?
- Se eu for multar o senhor, a multa vai ser tão alta que nem vendendo o caminhãozinho o senhor vai poder pagar. Então, vai pescar de uma vez.
- Mas não tem bateria, seu guarda. O senhor ajuda a empurrar?
E o guarda empurrou.
Por Rolando Boldrin