05/02/2009
Lá em São Joaquim tinha o Besouro. Isso mesmo, esse era o apelido dele. Aliás, ninguém chamava ele por outra coisa. Era Besouro pra cá, Besouro pra lá... Eu acho que esse apelido era devido a uma mania que ele tinha, apesar de ser barbeiro da pracinha, que era de comer vidro, mastigar gilete, comer copos de vidro inteiro, só pra fazer demonstração... quiném gente de circo.
Mas vamos ao causo que envolve o dito cujo, meu amigo Besouro. Ele tinha sempre, num copo com água, uma bolinha de madeira do tamanho daquelas de pingue-pongue, que era pro freguês colocar na boca fazendo uma bochecha pra ele, o barbeiro, escanhoar bem escanhoada a barba do dito cujo. Ele tinha fama de ser um bom barbeiro, até por causa dessa técnica.
Pois bem. Certa feita ele estava barbeando um viajante que passava pela cidade. Pediu então delicadamente que o moço colocasse a tal bolinha na boca pra estufar a bochecha. Seguiu nessa operação pedindo depois ao viajante para mudar de lado da bochecha. E depois de terminar o serviço colocou a bolinha de madeira no tal copo com água.
VIAJANTE (curioso) – Me diga uma coisa, barbeiro. Você faz a barba de todo mundo desta cidade usando essa mesma bolinha aí?
BARBEIRO – Sim, sinhô! Faz muitos anos que eu sou barbeiro aqui e sempre usei essa minha técnica pra barba ficar bem feita.
VIAJANTE – E não tem perigo de algum freguês engolir essa bolinha, não?
BARBEIRO – Ah... tem sim, sinhô. Muitos já engoliram essa bolinha que eu usei no sinhô. Mas o pessoal aqui desta cidade é muito honesto. No outro dia, bem cedo, eles vem devolver a dita cuja.
Ela tá sempre aí no copo pra ficá limpinha...