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Paia...Assada

Causos de desavenças Caboclo quando dá pra ficar de mal de alguma pessoa, é bom a gente sair de perto

08/12/2005



Caboclo quando dá pra ficar de mal de alguma pessoa, é bom a gente sair de perto. Ô raça pra ficar enjirizada à toa, à toa. Eu até me lembro de um cumpadi lá da minha terra que ficou sem falar com outro cumpadi lá dele mais ou menos 20 uns anos. Pois não é que derepente o outro cai doente, médico na cabecêra da cama e outros babados, aquela preocupação da família com a gravidade da tal doença...E não é que o outro cumpadi, o tal que guardou tanta raiva por tanto tempo, teve num relance a coragem de ir visitar o dito cujo.
Pois não é também que, depois de sair do quarto do enfermo, chamou o médico de plantão do lado de fora pra falar baixinho no seu ouvido, assim: ``Ô, doutor? Haverá perigo dele escapar? ´´.
Estou dizendo que essa minha raça é fogo na marreta com esse nogócio de rancor. Tem um causo também desses de desavenças de família. Aí, é pior ainda, porque mexe com o sangue, com o parente, e então complica tudo. É sentimento da mãe, do pai e de quem tiver perto e se envolver com a tal história.
Pois um caboclo casado brigou com os dois irmãos da mulher lá dele. Dois cunhados. E vai daqui, vai dali, já fazia bem uns 5 anos de rusga. Dizia ele que não podia nem olhar pra cara de um deles. Um se chamava João e o outro era o Antonho.
Eis que, um belo dia, o tal cumpadi rancoroso cai de cama e fica vai não vai. Morre não morre. Pra surpresa da mulher lá dele, de repente o dito cujo pede pra esposa ir correndo chamar os dois desafetos. Os irmãos dela. O João e o Antonho.
A mulher vibra radiante, embora o momento fosse de dor, pois o marido tava desenganado e ela achou que, com esse pedido, o mesmo quisesse perdoar os seus dois irmãos e, assim partir em paz pra última morada. Tenho que lembrar que essas desavenças na família eram o maior desgosto da comadre.
Bom. Diante desse pedido do moribundo, a esposa saiu correndo e foi bater à porta da casa onde moravam os seus irmãos, João e Antonho. E ela pede entre lágrimas: ``João! Antonho! O Zé qué cunversá cum vancês antes de embarcá . Vamu lá em casa, pelo amor de Deus. Vamu fazê esse úrtimo pedido do meu marido. Ele qué perdoá ocêis pru causa dessa desavença antiga. Vamu lá!´´.
Os dois irmãos, meio a contragosto – pois também tinham aquele rancor guardado nos peitos -, diante de tanta insistência da irmã chorosa e prestes a ficar viúva, resolvem atender o pedido de quem já estava mais pra lá do que pra cá.
A cena seguinte, que foi a cena do reencontro, se deu no quarto do moribundo, e foi assim:
MORIBUNDO – João? Chega pra cá. Vem aqui do meu lado esquerdo. Bem pertinho de mim. Antonho? Ocê tomêm . Chega pra cá pro meu outro lado da cama. Bem pertinho de mim tomêm.
João e Antonho se aproximam, um de um lado da cama e o outro do outro lado.
MORIBUNDO (quando os dois estão colocados) – Eu quero morrer quiném Jesus. Um ladrão de cada lado.


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Rolando Boldrin

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Conta causos fazendo a gente saborear o modo gostoso de uma boa prosa.

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