01/02/2007
A jogatina sem fim neste nosso querido país, outrora deitado em berço esplêndido, continua. A jogatina dos grandes, ungidos por algum poder, provavelmente alienígena. Alienígena sim, pois não contempla seres humanos ou qualquer forma de vida neste planeta.
É perversa a lógica que conduz essa entidade chamada governo, constituída por vários segmentos irmanados, cujo máximo objetivo traduz-se pelo subjetivo se dar bem.
Todos os dias, assistimos às manobras incessantes do verdadeiro jogo que conduz às subidas e descidas do novo Deus dos humanos, o mercado de capitais, no qual os únicos a entrar com trabalho, sofrimento e escrúpulos somos nós, o assim denominado povo. Infelizmente despreparado e ignorante. Mas esse mesmo povo, continua em suas rotinas cada vez mais apertadas, radicalizando suas posições e seu acomodamento. Dando cada vez mais força para aqueles que o escravizam. Absolutamente conservadores em suas cabecinhas ocas e medrosas. Hipócritas e dissimulados. Escondendo a mediocridade em frases feitas e comportamentos atrasados.
Ser avançado neste país significa falar o tempo todo no celular, ter carro faiscando insufilmado ao máximo, ver novela e Big Brother, puxar o saco de algum político, atrapalhar a vida dos outros, assistir Jornal Nacional e ler Veja ou Paulo Coelho, pegar fila onde quer que seja, cerveja e futebol, depois um carnavalzinho; pagar tudo que é imposto em dia sem chiar, emporcalhar as ruas, ter cachorro bravo (de preferência que late sem parar), sempre dizer que este é o melhor país do mundo e seu povo é uma delicia, e quando sobrar uma graninha ir ao paraíso descrito em todos os textos religiosos. Miami.
Ocorre que hoje os modelos, formas e ações se esgotaram. Os fundamentos sobre os quais nossas estruturas psicológica e funcional se baseiam não funcionam mais. E como resposta, os governantes radicalizam suas posições mentirosas por meio de marketing, intimidação e autoritarismo. As liberdades individuais diminuem, o cinismo impera e as melhores inteligências se esgotam. O senso estético inexiste, assim como a busca pela beleza e a felicidade.
E inaceitável que as religiões, cuja única função é auxiliar qualquer ser humano a entender as verdades essenciais, tenham se transformado em organizações com fins lucrativos e, por sua vez, em suporte para essa estrutura baseada em meias-verdades, medo e cartilhas de lavagem cerebral.
Inaceitável, também, que um dos poderes estabelecidos, chamado de grande mídia, continue perpetuando, inclusive de forma debochada e insensível, os caminhos de auto-destruição conduzidos por nossa raça.
Em nosso mundinho de cidadãos, a rotina de estresse e preocupações chegou a um ponto em que a grande maioria das pessoas não consegue mais pagar pela satisfação de suas necessidades. As dificuldades criadas e o custo das coisas essenciais do que deveria ser um mundo moderno exorbitaram, criando milhões de neuróticos e derrotados.
Espera-se um milagre, que não ocorrerá. Revezam-se neste teatro de absurdos e incoerências os pseudo salvadores e ídolos, sem a menor intenção de transformar nossas vidas em uma experiência mais prazerosa, carregada de emoções e magia.
Mas as pessoas estão contentes e felizes, protegidas por essa capa impermeável chamada ignorância.
Pode se retirar tudo, menos a auto-ilusão. Um político disse isso. Às gargalhadas.