05/04/2007
Me correspondo com conhecidos de posições políticas muito definidas e tenho percebido que existe uma aceitação sobre a afirmação: em política ninguém faz nada sem sujar as mãos e o que vale mesmo são as intenções. “O bom feito a partir do mal ainda é bom, não é?”, isso para tentar justificar ações moralmente duvidosas. É algo para se pensar.
E tenho pensado muito nisso pois seria a única justificativa para o atual Governo da República. E entre tantas coisas acontecidas nos primeiros 4 anos que realmente me incomodaram e frustraram, indubitavelmente, houve uma melhora nas classes mais baixas, mais consumo de produtos eletrônicos, celulares, carros populares. Não consigo ver melhora nenhuma ainda na educação,saúde ou transportes públicos. Ao contrário, a sensação é de um avolumar-se de problemas e enganações.
O discurso da falta de dinheiro dos governantes já encheu além das medidas, assim como as diferenças entre o discurso e a prática. Principalmente no que tangem a área econômica, começam a parecer deboche.
Os sistemas político, cultural e administrativo são verdadeiras quimeras vorazes e não se consegue ou não quer solucionar problemas, muitos deles dependendo somente de boa vontade e competência. O que parece faltar em larga escala.
O mais gritante deles no momento é o aéreo (embora nunca se fale do ferroviário ou fluvial que são tão ou mais importantes para a infra-estrutura). São meses de palhaçadas, inação, desmandos e má fé.
Deve ter algo que os jornais não publicam ou não querem publicar. Pois o que tem de reunião de grandes mandatários não é brincadeira. Ou melhor, devem ser de brincadeira. Na verdade, nada disso faz sentido.
O único sentido me parece ser aquele que mostra grupos poderosos brigando por um butim enorme e sem fim, sem nenhuma preocupação com planejamento e conseqüências. Para ver quem fica com as mamatas.
E para confirmar isso, a posição do Presidente da República parece despreocupadíssima e até alegre. E ainda a posição dos governadores dos principais estados do país (teoricamente gente que tem poder, influência e capacidade) se resume a um sumiço covarde e omisso. O de São Paulo nem se fala, enfiou a cabeça no buraco e fica torcendo para as pessoas esquecerem as obscuras e vergonhosas obras do Metrô e do Rodoanel .
Diante disso tudo e mais a felicidade e clima de festa eufórica que reina no Senado e Congresso Nacional, com senadores e deputados totalmente alienados, gargalhando e cuidando dos próprios interesses, não resta mais nada a não ser assistir Big Brother. Esse Big Brother.