09/09/2005
Com a notícia de que o ministro da Fazenda faria uma reunião ontem com banqueiros, usineiros e outros representantes das grandes oligarquias cartelistas, fica a impressão de que se proporá, mais uma vez, alguma solução paliativa e diversionista para os problemas profundos e aparentemente insolúveis de nosso país.
Em outras palavras, fazem um belo teatro com todas as cortinas de fumaça, fanfarras e primeiras páginas, as pessoas acreditam e fica tudo da mesma maneira.
Essas histórias de mensalão são ouvidas há décadas e praticadas em inúmeras câmaras de vereadores, em assembléias legislativas, Congresso Nacional, estatais, fóruns judiciários, enfim, onde há poder público. Um sistema que foi apodrecendo, mas que por uma conjunção de fatores continua poderoso, embora mais podre que nunca.
As administrações públicas são absolutamente ineficientes, incompetentes e mal-intencionadas em todos os seus níveis. Os ocupantes se sucedem, obedecendo à lógica do “se dar bem”, inescrupulosos e irresponsáveis. Tudo isso com dinheiro público arrecadado através de impostos escorchantes e taxas indecentes. Tudo baseado em faz-de-conta e hipocrisia.
As novas lideranças, que poderiam estar preparadas, foram através das décadas, alijadas e desmotivadas por não obedecerem a essa lógica perversa que norteia a nossa política em sua sanha destruidora, confusa no avolumar se de malfeitos.
Fica a certeza de que falta coragem e decência na nação para uma mudança consistente de rumos. Faltam, seguramente, homens e mulheres em quantidade suficiente para promovê-la.
Assim sendo, esperamos, sem nenhuma paciência e cheios de indignação, o próximo salvador da pátria. Que aterrizará com aquele mesmo discurso cheio de lugares-comuns e clichês vários, complementando a dose diária de Rede Globo, cerveja e futebol que tanta alegria traz aos sofás do Brasil.
Deitado eternamente, mas o berço está deixando de ser esplêndido.