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O Décimo Inferno Transcrevo, com pequenas modificações, um trecho de uma novela do escritor argentino Mempo Giardinelli, autor indignado que apresenta tramas fortes e extremamente reais

16/03/2006



Transcrevo, com pequenas modificações, um trecho de uma novela do escritor argentino Mempo Giardinelli, autor indignado que apresenta tramas fortes e extremamente reais. Ele fala sobre seu país, a Argentina, mas o surpreendente é que sua observação, apesar de latino-americana, parece descrever a sociedade brasileira, num fiel retrato verde e amarelo.



Mas também é bom que se saiba que o Romero cansou de ser um homem honesto à toa. Digo claramente para que ninguém pense em me julgar,cansei, e agora quero que todo mundo se foda. Então é isso, pessoal, não se escandalizem porque aqui ninguém pode apontar o dedo para os outros, ninguém pode jogar a primeira pedra, ninguém tem biografia limpa o suficiente para procurar sujeira na dos outros.

Então não quero que os moralistas me julguem, os mesmos que já destruíram algumas gerações neste país. Não há mais esperanças com eles. Nenhuma! O país não tem remédio com essa gente. Quando somos governados pelos narcotraficantes e o pessoal começa a sentir saudades dos ditadores, fica claro que só o rigor é destino para este povo. Os pacíficos pisotearam os nossos valores. Que valores, de quem, e porque logo eu tenho que respeitá-los? E também não me venham com a geração da garotada; não acredito que a dos meus filhos seja melhor. Não necessariamente, nem há provas disto à vista.

Portanto,não se atrevam a julgar-nos, as boas almas inocentes, nem os mercadores da carne que prostituem garotinhas, nem os que se opõem à discriminação das drogas, mas traficam, nem os filhos-da-puta que são incapazes de chorar a morte dos próprios filhos. Nem os que trocam de identidade, os suicidas de faz-de-conta, os que contratam assassinos de aluguel, os que vendem a alma, os Lúciferes vernáculos, os Satanases da literatura ou, enfim, os que negociam vidas alheias diariamente,não me julguem, caralho, pois que seria preciso inventar um décimo inferno para todos eles, para esses sujeitos que discursam e mentem, para os hipócritas e os cínicos de quem este país está repleto, para os violentos que predicam a paz, para os que bendizem qualquer um que lhes pague bem e para os que são bentos por qualquer charlatão. Um décimo inferno também para os covardes, os que academiam, os que escrevem por dinheiro, os que reprimem polêmicas e pensamentos, os sinceros de araque, os transgressores de televisão, os telespectadores viciados, os certinhos de meia-tijela, os que aplaudem em cima da mesa e depois sacodem o saco por baixo, os que sorriem para os poderosos, os genuflexores profissionais, os que estão sempre no governo por que sabem como ficar em cima do muro, os que sempre são simpáticos e dão um jeito de arranjar um lugarzinho à sombra, os que fazem intrigas à boca pequena e os bem-educadinhos. Não há mais esperança. Este é um país de encabrestados e desesperados.


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