06/10/2020
A chegada de um bebê geralmente muda muito a rotina e dinâmica da família. Muitos ainda têm a ideia antiga de que os tutores devem "se desfazer" do animal com a chegada do novo membro humano, por "higiene" ou para se dedicar somente ao filho. Essa ideia, além de ultrapassada, é equivocada, pois a convivência da criança com o animal traz muito benefícios a ambos, dentre eles:
· melhora no sistema imunológico, pois a criança fica exposta a agentes externos através do animal e cria resistência a certas doenças, tendendo a ter menos alergias (respiratórias e dermatológicas);
· pesquisas mostram que ter um animal na sua rotina (seja em casa ou em local de trabalho) diminui o estresse e a ansiedade;
· cuidar do animal e protegê-lo faz com que a criança cresça com mais senso de responsabilidade e empatia, se tornando um adulto mais afetivo e solidário;
· crianças com cães tendem a brincar e se exercitar mais, por interagir com o animal, melhorando habilidade motora e os movimentos.
Antes da chegada da criança, os pais devem adaptar a casa e a nova rotina com o cão o quanto antes. Por exemplo, se o cão vai perder o acesso a uma certa área (o quarto do bebê, cozinha etc.), isso deve ser ajustado logo, para que o cão não associe todas as mudanças ao bebê. Se os tutores reduzirem gradualmente a atenção, o carinho e o espaço físico, é mais provável que a adaptação seja mais tranquila.
Os cães não ficam mais "desobedientes" com a chegada do bebê, mas podem ficar entediados, ansiosos ou inseguros com a mudança na rotina que ele trouxe, pois mesmo se precavendo, inevitavelmente elas ocorrem. Para isso é fundamental garantir que o pet se torne mais confiante e independente antes da chegada da criança, objetivo esse que podemos atingir com enriquecimento ambiental e sessões de adestramento.
Depois de preparar e adaptar tudo que é possível antes do bebê nascer para que o cão sinta o mínimo do estresse na mudança de rotina, agora devemos trabalhar a apresentação do animal àquele novo morador.
O ideal é esperar que o nenê tome todas as vacinas e o animal esteja também em dia com a saúde (devemos levar os pets pelo menos uma vez ao ano no veterinário; banhos 1 vez por semana; vacinas e vermífugos em dia; limpar as patas após passeios fora de casa; pentear regularmente para tirar o excesso de pelos e pele morta etc.).
O próximo passo é analisar o porte e o temperamento de seu animal: acha seu cão muito ansioso ou arisco? Se você não se sente seguro, não faça. Deste modo, vale a pena investir no adestramento para que essa apresentação seja feita junto a um profissional em comportamento canino.
Seguindo com o processo, depois de analisar o temperamento do seu cão, para fazer uma boa primeira apresentação de maneira segura é também muito importante esperar um momento em que o animal esteja mais tranquilo, num ambiente calmo e controlável (como dentro da sua casa) e com o bebê no colo. Com o cenário montado, chame seu cão normalmente, convidando-o a se aproximar e permita que o pet cheire e observe o bebê, se familiarizando com ele. Isso deve ser repetido várias vezes, de uma maneira gradual, aumentando o tempo e a proximidade com a criança, sempre com cuidado para que o animal não pule, esbarre ou arranhe o bebê. Se o cão demonstrar um comportamento agitado ou brusco perto da criança, mantenha a calma e vire-se de costas, ignorando o cão.
Sempre que ele demonstrar calma e tranquilidade ao se aproximar, o comportamento deve ser reforçado com um agrado ou petisco. Isso se faz de suma importância para que o cão faça uma associação positiva com o bebê. Ou seja, depois das primeiras apresentações, não se esqueça de dar ao cão a atenção que ele acha que perdeu, procurando ser mais carinhoso, dar petiscos e brincar com o animal justamente quando os dois estiverem juntos no mesmo ambiente.
Esse pode ser o início de uma linda e duradoura amizade! Previna-se e não desanime, seu cão pode ser o primeiro melhor amigo de seu filho e com certeza será o mais fiel.