12/05/2021
Adotar ou comprar um animal se tornou a resposta de muitas pessoas à solidão que encontraram durante o isolamento social. Porém essa resposta gerou outra pergunta: essas pessoas estavam realmente preparadas para isso? Nem todos que se imaginavam prontos para a chegada do animal, de fato o estavam.
Você deve ter percebido ou lido em algum lugar que durante o começo da pandemia o número de adoções de animais cresceu bastante. Muitos profissionais passaram a trabalhar em casa isoladamente e, sentindo-se carentes, decidiram adquirir um animal de estimação. Cães, gatos e até outros pets mais inusitados entraram na vida dessas pessoas com uma função: fazer companhia, alegrar o dia, preencher um espaço.
Mas essa questão do animalzinho ter uma "função", gera uma expectativa no dono que muitas vezes não é alcançada pelo animal, e aquele número de adoções de um ano atrás tornou-se hoje, infelizmente, um cenário crescente de abandonos.
Segundo a reportagem da Folha de São Paulo feita com a ONG Ampara Animal, os resgates desde dezembro aumentaram 70% comparados aos anos anteriores. Com o desemprego em crescimento e o fim do auxílio emergencial do governo, muitos acabam se desfazendo dos animais por não conseguir arcar com as despesas, ou por estar se mudando de volta para cidade natal, ou por outros fatores direta ou indiretamente influenciados pela crise.
Mas nem tudo é culpa da crise. A explosão de adoções que aconteceu em 2020 foi muito rápida e intensa, o que normalmente nos indica que a maioria dos adotantes agiu por impulso. Nem todas as adoções foram desta forma, mas as que foram acabaram gerando aquela frustração mencionada, por não se ter planejado tudo o que envolve ter um pet hoje em dia ou por ele não ser como "sonharam".
Quando uma pessoa abandona seu pet na rua sem castração e em idade fértil, ele aumenta a população de animais desabrigados (e também o aumento de animais resgatados), assim como eleva o número de acidentes de trânsito causados por animais nas vias, além da ocorrência de zoonoses (doenças transmissíveis entre os animais e o homem), representando uma importante ameaça à saúde e ao bem estar da população.
Com tudo isso, a situação para ONGs e protetores independentes complicou muito nos últimos meses, pois é uma conta que não fecha: há mais animais na rua em situação de risco e precisando de resgate, situação que ainda se soma à crise financeira nacional que reduziu em 80% as doações para esses tipos de abrigos.
Pessoas que não planejaram tudo que envolve a posse responsável do animal ou que tinham, como falamos, expectativas irreais, vão se decepcionar ao adquirir um pet e é isso que queremos destacar: um animal, seja filhote ou adulto, gato ou cachorro, é um ser vivo que tem suas vontades, preferências, medos etc., e não vem formatado de fábrica para um convívio social como o nosso. Eles VÃO errar e é nossa responsabilidade ensiná-los.
Adotou/comprou um animal? Legal! Agora vamos estudar um pouco sobre seu comportamento? Buscar um veterinário de confiança, um adestrador comportamentalista é ótimo, mas você também pode buscar em bibliotecas públicas inúmeros livros sobre comportamento animal ou pesquisar na internet.
Você gosta da causa animal, mas por qualquer questão não pode ter um animal em casa? Você pode doar dinheiro ou seu tempo (como um funcionário voluntário) em ONGs. Além disso, você também pode apadrinhar animais e assim estar mais perto daqueles que precisam de ajuda. E lembrem-se: existem ONGs muito famosas, mas também há outras menores nos bairros e protetores independentes honestos que também não pararam de trabalhar nesta pandemia.
Esse momento que estamos vivendo é muito complicado para todos, mas se nos unirmos para ajudar as pessoas e também os animais mais necessitados, sairemos mais fortes dessa crise global.