18/05/2006
Devo muito ao Marcelo Meyer por tudo o que tenho. Eu era um menino pobre, que morava na periferia de São Paulo. Não tinha oportunidades, nem perspectivas de crescer na vida.
Quando ele me convidou para treinar, fiquei surpreso. Parecia um sonho! Eu, que não tinha nada, comecei a viver em um outro mundo: passei a ser acompanhado por médicos, psicólogos,
dentistas e a aparecer em jornais e revistas. Todo mundo falava que tinha me visto em programas de TV. Ia para a escola com roupas da Rainha e das Casas Pernambucanas. Foi uma
transformação total.
O tênis proporcionou muitos avanços também para toda a minha família. Minha casa era de madeira e com o dinheiro que ganhei, ajudei a melhorá-la. Meu pai, Egidio, era pedreiro e construiu uma casa nova, mais confortável para a minha mãe, Carmelita, e meus sete irmãos.
O Meyer foi um paizão. Era bravo nas horas de cobrança, mas uma pessoa muito boa e com um coração enorme. Sou muito grato a tudo o que fez por mim. Pude sentir na pele o doce gosto de ser campeão brasileiro e sul-americano, entre inúmeras outras conquistas. Através do tênis, tive a felicidade de conhecer muitos países. Também tive a oportunidade de conhecer pessoas como o Marcelo Saliola, meu adversário dentro das quadras, mas que foi um verdadeiro irmão para mim.
Alguns amigos de infância partiram para um caminho errado e acabaram perdendo suas vidas. Eu também poderia ter virado um bandido, um traficante ou estar usando drogas.
Mas tive muita sorte: o Meyer me deu oportunidade, me deu educação e condições para que eu conseguisse um bom emprego para viver em paz com a minha família. O que me deixa orgulhoso
é ser respeitado por tudo o que fiz e por tudo o que faço.
Campeão brasileiro e sul-americano infanto-juvenil.
É professor na academia do Alphaville Tênis Clube, em São Paulo.
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