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O difícil relacionamento entre técnico e jogador O Paulo Cleto foi o primeiro técnico de tênis no Brasil, ao acompanhar o Kirmayr

30/03/2006



O Paulo Cleto foi o primeiro técnico de tênis no Brasil, ao acompanhar o Kirmayr. Ele foi o primeiro em nosso país e um dos pioneiros no mundo na função. Não existia esse cargo. O primeiro a viajar com seu técnico foi o Ion Tiriac, que acompanhou Ilie Nastase, Guillermo Vilas e Boris Becker. Tiriac criou o personagem de treinador profissional de tênis no início da década de 70.
Minha primeira experiência como técnico aconteceu em 1979, quando passei a acompanhar o Paschoal Penetta. Pela primeira vez se viu um técnico profissional com um juvenil de 16 anos de idade durante a realização do Campeonato Brasileiro, no Rio de Janeiro. A badalação foi forte... Eu e o Penetta também tivemos a companhia do Goffi. Eu falava muito bem do Penetta e o Goffi queria vê-lo jogar, afinal, tínhamos a conexão Brasil-Estados Unidos para facilitar a vida do menino.
O Penetta era o nome da vez, a grande promessa. O Cleto tinha o Kirmayr e a empresa Guatapará como patrocinadora. A Guatapará queria na equipe o melhor juvenil, que era o Penetta. Em nome da empresa, o Paulo fez uma proposta ao Penetta e a seu pai, que era o oferecimento de todas as condições técnicas e financeiras para jogar os torneios mais importantes.
Pouco tempo depois, acabou a Guatapará... O Penetta caiu em um buraco sem fundo e nunca mais voltou a jogar a mesma coisa. Perdemos, assim, um dos gênios do tênis nacional. O que desestimula muitos treinadores de tênis é o fato de você iniciar um trabalho com a criança, quando ela tem 10, 12 anos, fazer toda a base por seis, sete temporadas, e quando essa pessoa está na transição para o profissionalismo acaba deixando você de lado, porque o aspecto financeiro geralmente se torna prioritário nas decisões que o tenista precisa tomar neste estágio. O custo das viagens internacionais para dar o início nos torneios do circuito profissional é muito elevado. Você, que ralou o tempo todo, é esquecido.
O trabalho que o técnico de tênis tem no desenvolvimento de um jogador é complicado devido a situações como essas.
A parceria Larri Passos-Guga é exceção.
Em partes, compreende-se porque o técnico prefere não se engajar num projeto de longo prazo, como esse. Expor oito, nove, dez anos da sua vida na formação de um tenista pode acabar com um triste fim. Quando está na transição, o jogador pode receber uma proposta e deixar quem esteve com ele durante toda a base. Isso acontece muito e causa um desestímulo para o técnico.
Um time de futebol pega um garoto de 11 anos, dá lugar para morar, campo para treinar, alimentação, técnico e toda a infra-estrutura para o seu desenvolvimento, investe por seis ou sete anos e o garoto transforma-se em craque. Este craque brilha, briga com o presidente do clube ou com o treinador e se transfere para outro clube, mas aquele clube que bancou toda a sua formação será muito bem remunerado financeiramente pela negociação.
No tênis não existe isso. Quando o tenista vira sensação, ele recebe ótimas propostas e, na maioria dos casos, esquece tudo o que foi feito para que ele chegasse àquela condição e, muitas vezes, deixa seu técnico sem nem ao menos dizer obrigado.
Portanto, nesse trabalho é preciso, antes de qualquer coisa, ter muito amor e ambição pelos resultados. Para quem tem a única pretensão de um retorno financeiro é melhor procurar outro negócio.


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