03/11/2005
Nasci em outubro de 1952 e o meu primeiro contato com o tênis foi aos sete anos de idade. Nos finais de semana, meus pais jogavam no clube A Hebraica que, naquela época, possuía apenas duas quadras de saibro. Era localizado no mesmo ponto onde está até hoje, na rua Gabriel Monteiro da Silva, perto do Shopping Iguatemi, nos Jardins, zona sul de São Paulo. Era um clube simples, de apenas duas quadras de tênis, uma piscina e um ginásio poliesportivo.
Minha primeira atividade esportiva com um pouco mais de seriedade antes de ingressar de vez no tênis foi a natação. Eu cheguei a competir em alguns torneios estaduais pelo A Hebraica até os meus 11 anos de idade.
Acredito que aquela base esportiva tenha ajudado na minha formação atlética para toda a vida. Sempre fui um garoto com bom físico e credito a isso, em partes, o fato de eu ter conseguido nadar de uma forma competitiva por pelo menos quatro anos.
Naquela época existia uma particularidade interessante relacionada ao tênis. Eu via meus pais jogando e um garoto nessa faixa etária é claro que se identifica muito com atividades do pai, da mãe ou de ambos. Embora eu praticasse a natação, o que eu queria mesmo era jogar tênis. De vez em quando, eu pegava a raquete de minha mãe para brincar. Às vezes, até jogava um pouco com minha mãe, mas sempre de forma bem lúdica.
Existia um conceito muito forte e que as pessoas acreditavam demais, que era o seguinte: os chamados entendidos, porque na verdade não existiam especialistas, diziam que um garoto não podia começar a jogar tênis com menos de dez anos. Eu tinha oito anos, fazia natação e queria jogar, porém os amigos de meus pais e os professores diziam que não era recomendável uma
criança praticar tênis com aquela idade.
Apesar de eu discordar atualmente desse tema, pois, hoje tenho alunos em minha academia começando com cinco anos, para a época, tinha fundamento tal conceito: as raquetes de tênis eram padronizadas, não existiam modelos específicos de raquetes para crianças, eram as mesmas para profissionais, homens, mulheres ou juvenis. Por ser um jogo unilateral e pelos equipamentos da época serem rústicos, o que as pessoas falavam tinha algum fundamento.
Não sei se elas pensavam nisso ou falavam da boca para fora, mas com certeza aquilo ajudou na minha formação.
Fui picado pelo bichinho que entra no sangue do tenista, logo após ter acertado duas boas bolas para o outro lado da quadra. Foi um vício para o resto da vida. Tinha sete anos, mas só comecei a treinar mais assiduamente aos nove. A partir daí, comecei a sentir a pressão como tenista.
O meu técnico de natação percebeu que, ao invés de treinar na piscina, eu ficava rodeando as quadras de tênis e, nos finais de semana, amolava os velhinhos para bater uma bola comigo. Tênis era um esporte para adultos...
Era esquisito, feio e fora dos padrões ver uma criança jogar tênis. Esse técnico de natação procurou meus pais e impôs uma condição: – Ou ele nada, ou joga tênis. Não tem como seu filho conciliar os dois esportes.
A prática das duas modalidades simultaneamente era impossível na visão dele:
– Na natação, a musculatura é amolecida. No tênis, é o contrário, fica enrijecida, insistia o professor.
Segundo o professor, o tênis fazia mal para meus treinos de natação e ele queria que eu fosse um competidor nas piscinas. Eu, no entanto, não pensei duas vezes em optar pelo tênis.
Assim foi meu começo nas quadras....
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