09/09/2005
Falar em escola de tênis, que todo mundo tem de jogar dentro de uma
mesma linha de ensino, não me convence. Digo isso fundamentado em exemplos,
em provas reais.
Na minha fase como juvenil, o treino de tênis era disputar alguns sets,
alguns jogos. Baseado na minha experiência como jogador e que vi funcionar bem para muita gente, fundamentado também na evolução desenvolvida ao
longo dos anos, o que procuro fazer hoje é o treinamento com jogadas simuladas,
exercícios específicos e jogadas de repetição, além da disputa de muitos
jogos. Considero esse um modelo praticamente ideal.
A maioria das academias tem poucas quadras em relação ao grande
número de infanto-juvenis e isso é um grande problema na hora do treinamento.
Os jogadores acabam fazendo muitos drills, muitos exercícios e poucos
jogos. E o que se vê pelos torneios são muitos tenistas que possuem
bons golpes, mas que não sabem jogar. Quando esse grupo chega ao circuito
profissional, chega despreparado. O Ricardo Acioly disse isso com propriedade
durante uma entrevista. Ele vê os juvenis brasileiros disputando os
primeiros torneios profissionais e nota como estão completamente “verdes”,
“crus” em relação ao jogo.
Não se pode ir para o torneio pensando em fazer voleio após o primeiro
e segundo saques. Isso deve ser feito durante o treinamento. Exercícios simulados
em jogos-treino são altamente produtivos.
Desenvolvi muito com o Fernando Meligeni exercícios para o saque-evoleio.
Não era característica dele esse estilo, mas era um treinamento importante
para que ele pudesse usar desse artifício em determinado momento de
uma partida. Ele fazia jogos-treino com juvenis e era obrigado a sacar e volear
o tempo todo.
Existem exceções, pessoas como Pete Sampras e Roger Federer, que se
você pedir para jogarem na rede vão fazer isso muito bem e se pedir para
ficarem no fundo também vão desenvolver esse tipo de jogo com sucesso.
São poucos os tenistas que são completos em todos os fundamentos dentro
de uma quadra de tênis.
No treinamento em grupo, mesmo você tendo pessoas de características diferentes, de estilos e biotipos distintos, é possível exercitar tudo o que é necessário
para ser aproveitado dentro de uma partida.
Todo mundo que joga tênis já se deparou com a situação onde alguém
que joga pior que o outro vence a partida. Isso acontece em todos os níveis –
de amador a profissional – porque jogamos de uma forma tática errada.
O treinamento em grupo ajuda nessa circunstância, porque existe a possibilidade
de pôr em prática todo o seu arsenal de fundamentos. Não se pode, durante
a partida, criar situação de comodismo mental e estratégico para o adversário.
Essa é a causa da derrota do melhor para o pior.
Eu falava para o Fernando Meligeni sacar e volear em algumas ocasiões
dentro de uma partida. Ele até podia errar o voleio, mas ganhava três ou quatro
pontos no “paralelo”. Ganhar ponto no “paralelo” é vencer, criando erro no
teu adversário em virtude da sua variação, é ganhar um ponto, porque seu
rival não sabe o que você vai fazer. Esses pontos, provavelmente, vão te levar,
dependendo da situação, à vitória na partida.