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Sobre a atuação da jovem Greta Vamos refletir um pouco e exercitar o senso crítico

02/10/2019



Por Marise Barbosa Uemura

Nos últimos dias, desde o discurso da ativista sueca Greta Thunberg na ONU, as redes sociais borbulharam com comentários, críticas e até ofensas à jovem, culminando inclusive na demissão de um jornalista que pesou demais na fala, durante um programa de rádio em Natal-RN. Pessoas levantaram a bandeira da teoria da conspiração (“ah, tem alguma coisa por trás da atuação dela”), do julgamento (“ah, que absurdo, como assim roubaram a infância dela? Ela mora em um país com um dos maiores IDHs do mundo!”) ou da indignação, achando que ela persegue alguns países e deixa de cobrar outros (“Por que ela não mencionou a China, que é um grande poluidor do planeta?”). 

Não pretendo aqui defendê-la com afinco, nem analisar se há ou não outros interesses por trás de sua atuação, mas apenas discorrer sobre alguns aspectos e provocar a reflexão. Tenho uma filha de quase 16 anos, a idade da Greta. Ela descobriu a ativista sueca no final de 2018, quando o movimento estava no início e passou a acompanhá-la, pois também tem forte interesse pelo tema “sustentabilidade”. Nesse período, ampliou seu repertório, pesquisando mais o assunto e acompanhando publicações de movimentos internacionais e de um jornal inglês. Mais recentemente, passou a participar de discussões online em um movimento de jovens brasileiros. Sim, ela tem apenas 15 anos, muito tempo pela frente para adquirir maturidade, entender melhor que não existe “verdade absoluta”, que precisamos aprender a lidar com as divergências e os diferentes pontos de vista e que há interesses antagônicos em nosso sistema capitalista (progresso econômico X proteção do meio ambiente, por exemplo). No entanto, embora desde os 13 anos ela já tenha demonstrado forte interesse por empresas sustentáveis, foi no decorrer de 2019 que realmente abraçou o tema como parte de seu projeto de vida.

Projeto de vida - e o que significa isso? Adaptado do termo purpose (propósito) na versão publicada no Brasil da obra de William Damon “O que o jovem quer da vida”, o conceito de projeto de vida consiste em algo que dá sentido e significado à vida, um objetivo maior, o que realmente importa para o indivíduo. Envolve também dimensões como a preocupação com o outro, o engajamento e a intenção em fazer algo. Damon aponta que é justamente durante a adolescência, época de transição para a vida adulta, que os jovens podem “gastar certo tempo examinando a si próprios, pensando no futuro e procurando as oportunidades que correspondam a seus interesses e ambições.”. No entanto, pesquisas do autor mostram que apenas 1 em cada 5 jovens norte-americanos entre 12 e 22 anos demonstrou ter clareza de onde queria chegar, o que gostaria de realizar na vida e por quê. E quase um quarto dos jovens entrevistados não manifestou quaisquer aspirações, sendo que alguns afirmaram até mesmo que não tinham motivos para tê-las. Assustador? Sim, um tanto preocupante, mas nada de novo, infelizmente. 

Por outro lado, um estudo realizado no Brasil e publicado em 2014 sob o título "Youth purpose and life goals of students engaged in community and social activities", envolvendo 2.060 estudantes entre 15 e 25 anos, investigou o engajamento, uma das dimensões do projeto de vida. Os jovens socialmente engajados em alguma atividade (29% do total) eram mais identificados com propósitos de vida relacionados à preocupação com o outro, mais orientados a alcançar seus objetivos de vida e apresentavam um nível de satisfação com suas próprias vidas superior aos demais. 

E então, o que motivou a escrita deste artigo? O convite para uma reflexão, para que ao menos tentemos ver as coisas sob outro ângulo, tentemos nos desarmar de preconceitos, ideologias ou rigor em excesso e analisar esse movimento  "Fridays For Future" (Sextas-feiras pelo Futuro): o despertar dos jovens para uma questão que os impactará diretamente, o planeta em que vivem e viverão. Portanto, considerado o aspecto do engajamento, Greta está conseguindo provocar esse espírito em milhões de jovens pelo mundo. Contudo, o pânico - talvez um pouco exagerado transmitido em seu discurso -, pode ter efeitos negativos em crianças e jovens, por isso a ponderação da família é importante. Nós, pais e mães, temos que estar atentos a tudo que nossos filhos estão seguindo, aprendendo, ouvindo. É um trabalho diário de diálogo, mas esse é o nosso o papel! Minha filha encorajou-se e foi com uma amiga à manifestação pela Greve Global pelo Clima em 20 de setembro. Ela gostou muito da experiência, mas teve senso crítico para observar a “apropriação do movimento” (palavras dela) por sindicatos como o dos metalúrgicos e CUT e partidos como o PT, com suas bandeiras. Como ressaltei a ela, a vida é assim, cheia de oportunidades para aprender a navegar em diversos meios e saber ponderar. 

Por fim, caro leitor, deixo-o à vontade para concordar ou não com esses argumentos. Apenas sugiro que tente analisar os benefícios decorrentes de uma voz como a da jovem Greta e de seu movimento mundial. Nossos jovens, sem distinção de classe social, precisam de um direcionamento moral, precisam conseguir enxergar um propósito de vida, que vai além da escolha de uma carreira profissional. E quanto a afirmações como “esses jovens que defendem a Amazônia, sequer arrumam suas camas ou molham a samambaia da varanda”, de fato, ao abraçar uma causa, o início deve ser no próprio lar. E isso depende também de todos nós, responsáveis diretamente ou indiretamente por orientá-los, e deve ser um esforço contínuo! Façamos nossa parte, orientando e ponderando, mas acima de tudo tenhamos em mente que o interesse do jovem por algo maior, que impacte mais pessoas, trará benefícios para toda a sociedade, possibilitando a formação de cidadãos mais conscientes de seu papel. 


*Marise Barbosa Uemura é doutoranda do Programa de Pós-graduação em Administração da FEAUSP, professora de empreendedorismo e pesquisadora.

Protestos na Grécia. Foto: Alkis Konstantinidis / REUTERS


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Marise Barbosa Uemura

Marise - doutora em Administração de Empresas pela FEAUSP, é sócia-proprietária da Precious Plastic Cotia, negócio de impacto socioambiental, atua no terceiro setor nas OSCs Âncora e SEAE - Sociedade Ecológica Amigos do Embu e é co-fundadora do Movimento Juntos Vamos Mais Longe. É facilitadora nas áreas de Empreendedorismo, Projeto de Vida e Cidadania. 

Moradora da Granja desde 2004, acredita na educação e na prática da cidadania para transformar realidades. Como ativista social e ambiental, luta por um planeta mais sustentável e por uma Granja melhor para os granjeiros. "A melhoria de nosso entorno depende de nós! Juntos somos mais fortes!"

Instagram@profmariseuemura   Linkedin/marisebarbosa





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