03/11/2005
Acho lindas suas mãos em um ballet clássico moldando o cabelo para um simples coque. Mais lindo é quando solta, os fios derramam, os cachos cachoeira. Meus olhos entorpecidos se perdem no balance dessa sua genuinidade brasileira. Sua ginga me encanta, me espanta sua revolta. O fôlego de viver, a impressionante capacidade de deixar tudo para a última hora. Essa é você, Maria, nome de santa, nome de música, nome de noviça da rebeldia.
Os pés que se arqueiam em um salto na cama elástica desvendam sua vida em ‘pliet’. Sua história vivida, rústica pós-moderna. Essa sua vontade de mudar o mundo, esse seu discurso socialista. A liberdade de falar o que pensa e falar com o olhar até mesmo quando prefere o silêncio. A bochecha que cora levemente fazendo contraste com a pele morena: sua timidez, pequena, mas existente. Um estilo estiloso que mescla sua personalidade com o jeito de ser. E que jeito de ser! Único, irreverente, sem igual. Desengonçada na postura, atrapalhada por natureza. Seu rosto inspira inocência, e de inocente não tem nada. Você se acha independente, e só não é mais que uma gaivota. Falta voar, falta saber chorar.
É muito mais mulher do que qualquer outra mulher e não passa de uma menina. Organização é lugar distante, desconhecido, filme estrangeiro sem legenda. Mas em meio a bagunça você se acha, não sei como, mas se acha. Em meio a balburdia você reflete, pensa, pensa mais um pouco e dorme no sofá, porque ficar acordada cansa. Fazer nada é entediante demais em tempos que quer tudo de uma vez. Você é rainha, é jogo de xadrez, é resta um, é a alternativa que revela ser nenhumas das anteriores. De tão complicada chega a ser simples te entender.
E quando na praça o Sol morre para renascer no dia seguinte, o ciclo se revela, constante, incessante. Uma amizade entre a noite e o dia que se completam mesmo sem saber.
Assim como eu, assim como você.