27/02/2008
Mesmo falando sobre um tema batido como a ditadura o cinema argentino demonstra competência. Crônica de uma fuga (crónica de una fuga) narra a tensão de jovens seqüestrados por um esquadrão militar. Os jovens sofrem torturas físicas e psicológicas para denunciarem os rebeldes e membros do partido comunista. A ação não foca a violência física, mas o instinto de sobrevivência e o intuito de escapar. Não para denunciar abusos ou procurar vingança. Apenas para voltar a viver. Rodrigo De la Serna (o espetacular Alberto Granado de Diários de motocicleta) assume o papel de protagonista com uma competência exuberante. Para os amantes do cinema intimista, um filme obrigatório.
Tá dando onda (surf’s up), uma das animações indicadas ao Oscar ao lado de Ratatouille, chega às locadoras neste início de fevereiro. A história dos pingüins surfistas supre a falta de ânimo de Happy Feet - o pingüim (Happy Feet). A estrutura dinâmica em tom de documentário agrada a jovens e os adultos. Piadas e maneirismos obrigatórios estão presentes, mas como um todo, o filme não deixa de ter certa originalidade. Os dubladores Jeff Bridges, Jon Heder (Napoleon Dynamite) e James Woods valem o ingresso. Se possível, assistam no idioma original.
Não deixem de assistir ao filme Sangue negro (there will be blood) nos cinemas. Não tenho a data de lançamento em DVD, mas acredito que esta seja uma obra que muito se perderá na tela da televisão. Paul Thomas Anderson (ao lado da atuação assustadora de Daniel Day-Lewis) construiu, até então, o filme mais poderoso da década. Oscar à parte, este deve ser um daqueles filmes que serão reavaliados daqui alguns anos. Tirem suas próprias conclusões, mas atenham-se à obsessão aos detalhes. Pupilo de Robert Altman, Anderson fez jus ao mestre.