22/10/2008
Ontem a noite tive uma briga homérica comigo mesmo. Me joguei prum lado, me joguei pra outro, parecia filme americano com efeitos especiais. Tinha uma lágrima atrás dos meus olhos que não saia de jeito nenhum, fechava o olho, piscava, gritava, nada.
- Lágrima filha da p..., me faz chorar senão eu acabo com tua raça! Eu disse, mas não adiantou… Tive que apelar, peguei uma taça de vinho, bebi num gole só, misturei com toda emoção que tinha no fundo do copo, mas nada… Meu corpo teimava em ficar nessa, nesse estado meio neutro, meio mecânico, igual aquele que o carro exige da gente quando a gente vem correndo tarde da noite.
Peguei um livro do Leminski, começei a ler pra ver se chorava, mas nada! O p@#! dentro de mim revidou, e quando vi já tava lendo uns poemas do Edson Marques. Dei-lhe uma de direita e coloquei Strawberry Fields no ouvido esquerdo. Quando fui dar conta, tava cantando Helter Skelter. Saí correndo, começei a uivar com meu cachorro para Lua, e a danada me pinga uma estrela nos olhos, e eu, puto da vida que tava, desci mais uma taça de vinho.
Fiz careta, acendi incenso, liguei abajour, tomei mais vinho, escrevi dois versos, três vernáculos, quatro estrofres, cinco refrãos. A lágrima começou a sair, mas não deu nem pro começo, voltou pra dentro do olho, igual a caranguejo quando anda de lado e a gente não sabe por que. Passei a noite inteira assim, até frase errada eu citei, mas nada.
Minha alma insiste em ser feliz.