10/04/2008
Dos cineastas malditos norte-americanos, John Waters é provavelmente o mais bem sucedido. Na estrada desde 1964, este produtor, roteirista, diretor, ator, fotógrafo e montador conseguiu ultrapassar as barreiras do cinema convencional de Hollywood e realizar filmes, no mínimo curiosos. O que dizer de Mondo Trasho (idem), seu primeiro longa metragem? A história de um motorista que atropela uma pessoa e foge? As insinuações sexuais, visões da Virgem Maria. Pink Flamingos (idem) vai ainda mais longe. Protagonizado pela transexual Divine, o filme conta a história de Babs Johnson que se gaba de ter o título da pessoa mais perversa do mundo. Mas ela agora disputa a vaga com um outro casal que estupra moças e as mantém em cativeiro para vender os bebês gerados para casais de lésbicas. Perturbador. Mas John Waters não é só escatologia. A prova disso é o musical Hairspray (idem). Passado no início da década de 60 (o filme é de 1988), Hairspray narra a luta de uma garota obesa para tornar-se dançarina em um cultuado show de televisão. A obra bate de frente com o narcisismo e a segregação racial. Menos incisivo e chocante que a obra de Waters, o diretor Adam Shankman (12 é demais 2) faz uma refilmagem de Hairspray com mais cores e o carisma de John Travolta como a mãe da protagonista. O clima bem humorado e as canções são trazidas diretamente do original. Boa opção, já que a obra de John Waters dificilmente será encontrada em DVD.
Ben Affleck alcança a maturidade como cineasta ao escrever o roteiro (ao lado de Aaron Stockard) e dirigir o suspense Medo da verdade (gone baby gone). Ator limitado, Affleck surpreendeu quando, aos 25 anos, dividiu o Oscar de roteiro original com o amigo Matt Damon pelo filme Gênio indomável (good Will Hunting). Hoje o ator mostra que seu lugar é realmente atrás das câmeras. Protagonizado por Casey Affleck, Medo da verdade é a primeira grande surpresa do ano. Obrigatório para os fãs do gênero. Denso e violento.