13/10/2005
Minas Gerais continua linda, Aleijadinho continua vivo e Ouro Preto ainda reluz. Cinco dias como nunca mais e o relógio jamais viu tempo igual. Tão certo, tão fácil, tão infinito dentro de suas voltas que o trazem sempre de volta. Nunca pensei que fosse sentir falta da alvorada, do cobertor sendo puxado, do Sol desvirginando a madrugada. Que vontade de subir e descer cada ladeira, de tropeçar nas pedras, de ver e rever a arte do profeta que aponta. Respirando história hoje posso dizer que tombei minha memória. Faltam palavras porque palavras são pequenas diante da eternidade de um eterno passado que explica cada segundo do nosso próximo futuro.
O paraíso não está no luxo, o paraíso não é um jardim. O paraíso acontece quando menos se espera, quando menos se deseja, quando menos se tem. O paraíso é de repente, e de repente estamos em cima dele. E se saudade tivesse cheiro, seria isso que senti ao acordar no meu quarto. Um misto de sonho desperto e olhos fechados. De volta a São Paulo, de volta a selva de pedras, de volta ao cotidiano. De volta em volta tudo volta.
E eu que só quero voltar sou o mesmo eu que jamais havia pensado em ir. Faz-me rir vida, o destino não cansa de me surpreender.