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A mãe do Artista Suelis, Martas, Marias, Lucias, Giseles, Cibeles, Sônias, Maras, Claras, Belas, Normas

07/05/2008



Suelis, Martas, Marias, Lucias, Giseles, Cibeles, Sônias, Maras, Claras, Belas, Normas.

“Só as mães são felizes”, me disse o poeta ontem à noite, entre uma taça de vinho e outra.

Quando ouço a frase “Ninguém imagina como eu estou feliz”, arrisco a dizer que esse “ninguém” pode ser muito bem relativizado. Não há sofrimento ou alegria que as mães não sintam também. Dos pés ao umbigo, da cabeça ao espírito.
Do espírito santo de minha mãe, juro que ela sente a mesma alegria que eu quando subo no palco. Depois do show, não demonstra muito, mas sei que sente. Sei por que eu sinto, e somos unidos por corpo e alma.

Literalmente por corpo e alma. Literalmente.

A mãe do artista sente quando ele compõe, quando ele sofre, quando ele fica feliz, quando ele canta. A mãe do artista ouve Deus junto com o artista. A mãe do artista se inspira e inspira o artista.

A mãe do artista é o artista antes dele nascer.

Julia Lennon era a mãe de John. Foi sua primeira professora de música, ensinando ele a tocar banjo e violão. Dizia John que Julia lhe dava mais do que aulas: lhe dava coragem.
Tempos depois, John Lennon gravou com os Beatles a faixa “Julia” para o álbum branco, em 1968. Uma das canções mais bonitas dos Beatles, que fecha a primeira parte do disco. Mais a frente, em carreira solo, John Lennon gravou a canção “Mother”, muito mais visceral, dolorida, melancólica e simbólica. Duas músicas para a mesmo mulher, escritas pelo mesmo poeta.
Julia Lennon pode nunca ter ouvido nenhuma das canções que John compôs para ela, mas muito mais do que isso, ela sempre sentiu que John poderia ser capaz de escrever tais obras. O que o corpo sente, a alma pressente.

A mãe do artista ouve todas as músicas antes de todo mundo. Para a mãe do artista, não há música inédita, é só ela que sabe o que vai acontecer no show, e como vai acontecer. É a mãe do artista que sabe o momento exato em que ele vai subir no palco.

Se não fosse as mães, os artistas não seriam artistas. A culpa é toda delas:
Das Suelis, Martas, Marias, Lucias, Giseles, Cibeles, Sônias, Maras, Claras, Belas, Normas.

Igor Fediczko

ps. “Eu tenho tudo o que você precisa, e mais um pouco. Somos iguais na alma e no corpo”, me diz novamente o poeta, depois de mais uma taça de vinho.


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