09/02/2006
Há um mês atrás, mais ou menos, eu comecei a escrever o que seria meu texto de despedida. E escrevi, está escrito. Fiz no papel, refiz e fiz de novo. Passei a limpo no meu caderno de rascunhos e depois ele veio parar aqui, na tela branca do Word, meu companheiro das madrugadas de insônia por opção própria. Mas enfim, não tem nada de errado com ele, é que foi feito sem esse aperto que eu estou sentindo agora no peito. Sem esse nó no coração de olhar para o fundo de tela do meu computador e chorar. Sem essa vontade de abraçar cada um de novo e de querer me despedir eternamente sem precisar ir. Dói dizer sem palavras um tchau que reluta para se fazer dito. Mas eu quero ir, quero crescer, conhecer, gostar e sentir saudades de tudo que eu tenho para sentir. Quero valorizar meus pais como eles merecem, ser livre no mundo e saber usar essa liberdade. Quero me encher de dúvidas até perceber que ninguém precisa de certezas. Vou investir em mim para dizer para todo mundo que esse é o melhor aplicamento que se pode fazer. Errar, errar e errar muito. Errar para poder contar como eu acertei depois. Quero falar outra língua e aprender a ser poeta em espanhol. Rabiscar alguns versos atrás de algum guia turístico, ouvir uma notícia qualquer de que a seleção brasileira venceu um amistoso e olhar para o lado dizendo com as sobrancelhas orgulhosas: “é o meu país!”. Quero descobrir coincidências, encontrar gente nova, fazer amigos e dizer para eles o que significa essa palavra para mim do lugar da onde eu vim. Quero levar algumas fotos e quando bater aquela vontade de voltar, saber que eu volto, mas só em agosto. Ligar para casa e ouvir uma respiração que me acalme. Abrir minha caixa de entrada no hotmail e sorrir sozinho no meio de algum ciber café. Achar graça daquelas correntes que se enviam por internet que aqui eu faço questão de jogar fora antes de ler. Rir bastante e ficar feliz, com razão ou não. Lembrar do João atendendo ao telefone mentindo que a Paulinha não está. Saber que a Maria continua deliciosamente rabugenta e única e que a Marina ainda toma o seu lanchinho da tarde com leite e nescau. Detalhes, conversas, MSN’s memoráveis. Discussões que não levavam a lugar nenhum e conselhos sinceros de quem eu sei que me ama. Quero tudo isso comigo, cada amigo aqui dentro e eu em cada dentro dos meus amigos. Quero querer ficar para sempre e mudar de idéia no minuto seguinte.Eu vou e por mais que a vontade agora seja de ligar para alguém e combinar alguma coisa para daqui a pouco, eu sei que muitos daqui a poucos existirão. Penduro agora uma plaqueta, “fui crescer, 6 meses”. Já volto soa melhor que um adeus.
‘Hasta luego’, eu diria.