01/12/2005
É com carinho e alegria que escrevo sobre Jair Oliveira, para mim ainda o “Jairzinho”. Uma pessoa muito bonita, de personalidade forte e cheia de pensamentos positivos. Um artista maduro.
Ele ainda era um menino quando me procurou para estudar música. Então me disse: “Você precisa me ajudar a entrar na Bercklee [Bercklee College of Music, em Boston], uma das melhores escolas de música do mundo. As provas para admissão na escola são difíceis e preciso me preparar”. Fizemos um planejamento das aulas para aproximadamente 2 anos e também lhe dei uma carta de recomendação para a escola.
Não deu outra. Ele, um aluno de muito talento, muito aplicado e dedicado em tudo, entrou na escola com uma classificação muito boa.
Fiquei um pouco triste por “perder” um aluno tão interessado, mas muito feliz por ter contribuído com este grande artista e por vê-lo seguir na vida com um pouco do que sei.
Foi um período muito gostoso ― pela superação dos desafios nas aulas e também pela convivência com a família maravilhosa que ele tem. A mãe, Claudine, a tia e o pai se revezavam para levá-lo à minha casa. Jairzinho vinha direto da escola para as aulas de música e a irmã, Luciana Melo, ainda novinha, ficava dormindo no sofá até a hora de ir para casa.
Quando o pai, o grande Jair Rodrigues, o trazia para as aulas, aí, sim, era mesmo uma loucura (rs). Como uma verdadeira “lagarta de jardim”, ele ― o Jair Rodrigues ― destruía meu pé de goiaba; comia ele todinho (rs). E, não satisfeito, impaciente e agitado, Jair ia para a frente da minha casa e lá ficava jogando conversa fora com os vizinhos e com o pessoal do barzinho da rua. Até hoje aquelas pessoas simples se lembram disso com carinho e admiração.
Durante o período em que Jairzinho estudou na Bercklee, trocamos algumas poucas cartas. Quase 10 anos se passaram desde que ele retornou para o Brasil e, em virtude de seus compromissos e também de minha agenda, nos vimos pouquíssimas vezes e trocamos apenas alguns poucos e-mails.
Um dia, uma aluna me disse que tinha assistido um programa de TV no qual Jairzinho mencionou que havia estudado música comigo. Esta atitude bonita e humilde despertou em mim a curiosidade de saber o que ele andava fazendo com a música. Fui à loja e comprei seu primeiro CD ― Diz-Ritmia. Para minha surpresa, no encarte havia um agradecimento a mim pelas aulas. Tenho uma identificação muito forte com esta atitude, pois eu mesmo sempre fiz questão, com muito orgulho, de contar quem foram meus mestres.
Em minha trajetória de mais de 30 anos como professor, colaborei com muitos artistas e músicos profissionais de sucesso. Lembro-me de alguns deles que, ao se encontrarem comigo, nem se lembram de terem sido meus alunos ― uma amnésia interessante, né ? (rs). Bem, vamos deixar isto de lado e voltar... (rs).
Recentemente convidei Jairzinho para dar uma entrevista para minha coluna de música no site da Granja. Como bom “granjeiro”, ele prontamente aceitou.
Preparei a entrevista com muita dedicação e a enviei para ele. Depois de “muito tempo” e várias ameaças de morte que lhe fiz (rs), ele me ligou e marcamos um almoço aqui em casa. Estávamos cheios de assunto, claro! E nem sobrou tempo para tocarmos juntos. Por sorte ainda somos vizinhos e o som vai rolar.
Trocamos figurinhas, isto é, falamos sobre os últimos CDs dele, meus e de outros e quase não fizemos a entrevista (rs).
Conversamos muito, ouvimos algumas coisas, almoçamos (fazendo a entrevista) e, depois de quatro horas (exausto rs), deixei que ele fosse ao encontro da mãe para cuidar dos preparativos do seu casamento.
Agora terei que aprender a chamá-lo de Sr. Jair Oliveira (rs).
Ah!!! a entrevista? Só na semana que vem…
Um abraço,
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