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Agito Cultural

Entrevista com Jane Moraes É muito gostoso poder escrever sobre Jane Moraes, uma pessoa linda, com uma espiritualidade muito desenvolvida

09/09/2005



É muito gostoso poder escrever sobre Jane Moraes, uma pessoa linda, com uma espiritualidade muito desenvolvida. Jane é uma profissional como poucas ― uma cantora única, doce e cheia de swing!
Conheci a linda família de Jane Moraes quando eles moravam aqui na Granja Viana, por volta de 1984. Naquela época, Jane formava uma dupla de muito sucesso com seu companheiro Herondy. A dupla Jane e Herondy, com uma agenda repleta de shows, achava tempo, em meio a tantas viagens, para encontrar os amigos. Em muitas oportunidades, quando estava na casa deles, tocava violão para Jane cantar jazz e bossa-nova.
Jane sempre me estimulava a ouvir e conhecer mais a música brasileira. Herondy também era um cantor muito bom ― vinha da super-escola das grandes orquestras de bailes ― e gostava de me mostrar os discos de guitarristas de jazz, como Barney Kessel. Eu adorava tudo aquilo! Uma convivência muito enriquecedora pra mim.
Um dia, Jane me mostrou um outro trabalho de que ela havia participado há alguns anos e que também alcançou muito sucesso: Os 3 Morais. Foi uma grande surpresa pra mim! Tratava-se de um grupo com um trabalho vocal maravilhoso. Um trabalho muito elaborado, com história na música brasileira. Os três irmãos Moraes.
Eu, que naqueles tempos, era muito radical com meus objetivos e com minha maneira de pensar em relação à qualidade das músicas e artistas que deveria ouvir, não conseguia “entender” como uma cantora “daquelas”, tão especial, afinadíssima e que já havia feito um trabalho de tanto sucesso e qualidade com Os 3 Morais, estava se dedicando a um trabalho tão comercial, na linha do “brega”, cantando e gravando músicas como Não se vá e outros que acabaram sucesso da dupla Jane e Herondy.
Bem, o tempo foi passando e eu convivendo com este casal maravilhoso e… tóim!!! Lá estou eu, com eles, tocando Não se vá pelos clubes do Brasil. (Rs.) Não foi por muito tempo, mas o suficiente para eu aprender muitas coisas, como tocar aquela música simples com swing e com o coração ― o que pra mim era muito difícil ― e perceber a maneira carinhosa e respeitosa com que eles recebiam os fãs. Era de tirar o chapéu!
Alguns anos depois, realizei um sonho: tocar bossa-nova com uma super banda e num teatro, acompanhando Jane Moraes. Que delícia!!!
Jane tem vários discos gravados e uma rica história de muitos sucessos pra contar.
Os 3 Morais estão de volta e, em breve, poderemos assisti-los no circuito cultural do Sesc. No final de julho gravarão o programa Ensaio, da TV Cultura, com o grande Fernando Faro (granjeiro), um dos maiores produtores da TV brasileira.
Jane Moraes também está cantando jazz e bossa na noite paulistana. Vamos prestigiar e saborear um dos maiores talentos brasileiros ― a doce e inconfundível Jane Moraes.

1 - Quando e como surgiu seu interesse pela bossa-nova?
Bom, eu nasci ouvindo música de qualidade, porque minha família é musical: meu pai e irmãos eram músicos. Minha primeira referência musical foi o grupo vocal The Hi’los. Na minha adolescência, eu achava a música americana o máximo. Então, quando ouvi o João Gilberto cantando Chega de saudade, foi um orgulho, para mim, saber que a nossa música poderia ser tão boa ou até melhor que a “deles” e me identifiquei com a bossa-nova no primeiro momento... “Amor à primeira ouvida.”

2 - Qual era a formação original de "Os Três Morais"? E, como era o mercado de trabalho daquela época?
O grupo nasceu: Os 4... Roberto Moraes, Jane Moraes, Laercio de Freitas ― o Tio ― e Sidney Moraes. Daí o Tio resolveu sair para que ficássemos só os três irmãos e deu o nome ao grupo de Os 3 Morais, que, como o Sidney me explicou, vem de “moral” e não de “Moraes”. O mercado de trabalho para música de qualidade era muito bom, porque as televisões levavam ao ar muitos programas só de MPB ― fomos contratados. E os festivais de música também nos davam possibilidade de fecharmos muitos shows.

3 - Como foi a idealização da dupla Jane e Herondy?
Bom, a dupla surgiu em 1974, por falta de trabalho, por falta de dinheiro mesmo. Foi por causa do golpe militar, quando quase todos os teatros e espaços para se fazer um bom trabalho deixaram de existir, foram fechados. Os músicos que não saíram do Brasil foram para a publicidade. Chegamos, Heron e eu, a trabalhar em estúdios de jingles. Outros artistas foram para a música comercial ― foi o nosso caso. O Airton Rodrigues, que era um dos diretores e apresentador do “Clube dos Artistas”, pediu-nos que cantássemos uma música em dupla, que era um “sucessão” dos Stylistics (será que é assim que se escreve?) Stop, look ‘n listen. Fizemos aquele “teatrinho” que agradou em cheio e, no dia seguinte, a RCA nos contatou para que assinássemos um contrato como dupla e já nos garantia uma vendagem considerável. Em sã consciência, acredito que com duas filhas para criar e com uma péssima situação financeira, ninguém recusaria fazer aquela mudança radical. Entramos com bola e tudo!!

4 - Uma mudança radical da bossa-nova para o "brega” trouxe-lhe muito sucesso. Como essa mudança foi percebida entre os críticos e entre pessoas próximas, como artistas e amigos?
Perdi muitos amigos na época porque, infelizmente, havia um preconceito radical contra a música comercial e também porque sempre existiram e existem pessoas que não admitem que outras ganhem mais dinheiro fazendo música brega do que fazendo música de elite. Mas o próprio Jobim já dizia aos novos compositores que “a música brasileira de qualidade fazia muito bem ao ego, mas muito mal ao bolso!” Isso eu entendo perfeitamente, porque fomos nós mesmos, o Heron e eu, nossos maiores críticos, pois naquela época (1975 -1980) a música de qualidade era muito superior à música comercial. Se fosse nos dias atuais, acredito que seríamos mais bem entendidos, pois hoje já se olha com outros olhos quem faz música de consumo. Imagine... hoje somos cult e a música Não se vá é considerada, pelos críticos, um clássico da música popular. Em 2006 ela fará 30 anos de sucesso!!!!

5 - Como foi pra você ter vivido dois universos tão distintos da música? Você faria este percurso novamente? O que cada universo acrescentou à sua história?
Olha, Felipe, sempre digo que se você tem filhos, o idealismo passa para segundo plano. Nós fizemos o que achamos que era certo para o momento que estávamos vivendo e acredito que faríamos de novo, sim! Além disso, fazer parte desses dois mundos musicais, me deu um conhecimento acima da média. Continuo, como sempre fui, uma pessoa que ouve o que há de melhor na música, o que, a meu ver, é jazz e bossa-nova. Continuo ouvindo, como nos meus 18 anos, o meu ídolo de sempre: Chet Baker. Mas também aprendi a dar muito valor e a respeitar a música comercial, porque entendo que ela fala para as pessoas normais, fala ao povão. É música de fácil acesso, não é preciso pensar e ninguém tem a obrigação de ter conhecimento musical para poder curtir este tipo de música. Você ouve, dança, balança e tchau… A música de um país tem a ver com seu nível intelectual ― e nós sabemos que no Brasil são poucos os que têm acesso a esse tipo de cultura musical.


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