11/10/2005
Acho interessante e curioso o fato de como a música pode induzir e também conduzir a caminhos tão diferentes em termos de sensações e sentimentos. Algumas pessoas talvez ainda não tenham percebido, ou não tenham se dado conta, da ação ou do poder da música, apesar de, certamente, já terem sentido uma outra sensação provocada por uma música.
Estou me referindo somente à música e não à poesia (letra da música). São artes independentes e distintas, claro. Música e poesia podem ficar bem juntas, ou não.
Ao ouvir uma música, você pode sentir, entre muitas sensações e sentimentos: saudade, tristeza, alegria; pode chegar a um relaxamento profundo, e até dormir; pode ficar agitado ou irritado e, experimentar até o medo. É a magia da música! São determinados climas, tensões e recursos que o compositor utiliza de acordo com sua inspiração e intenção.
Vamos ver alguns exemplos do nosso cotidiano: imagine colocar um CD do Led Zeppelin para uma senhora de mais de 80 anos ouvir. É possível que ela fique irritada. Por outro lado, passando a experiência para uma música new age, é provável que ela provoque ou induza a um relaxamento profundo.
Quando assistimos a um filme de suspense ou terror, independentemente do seu roteiro, o medo que sentimos é um sentimento que, muitas vezes, é provocado pela música. É muito comum uma cena na qual a tela fica totalmente escura, nada acontecendo no aspecto visual, e as pessoas sentem medo ― nós sentimos medo... Naquele momento forte, a música é apresentada de modo intenso e presente. A seguir, tudo pode acontecer, justificando o medo sentido antes sem que “víssemos nada”.
O jingle, que é a música produzida para a propaganda de produtos e serviços, veiculada nas rádios e TVs e que ouvimos com freqüência, com certeza faz uso destes “truques” e magias da música. Numa propaganda em que a intenção é vender um tênis ou um carro esportivo, é muito possível que você não ouça uma trilha de bossa nova. O mais usual é o uso do rock, fusion ou uma música com mais energia.
E, agora, vamos ver um exemplo em que nada acontece: as músicas de elevador e de supermercados (rs), escolhidas a dedo, na sua maioria. A reação do consumidor é correr fora dali, com raríssimas exceções (muito raras), pois não vê a hora de sair do estabelecimento! Neste caso, a música deveria alimentar a sensação do prazer e provocar um maior tempo de permanência do comprador, diminuindo a velocidade de passagem pelos corredores e prateleiras para, desta forma, elevar o chamado “ticket médio” (valor médio de compra por consumidor, importante indicador de eficiência no varejo).
Muitos compositores utilizam fórmulas para alcançar uma venda massiva de um CD. É a chamada música comercial ou de alto consumo, ou seja, neste caso, a música é feita, desenhada, produzida com “intenção” e proposta de venda. Não que seja mais fácil fazer este tipo de música, mas deixa de ser um trabalho artístico. Longe disso.
Pra mim, a música-arte é despojada de qualquer intenção pré-concebida ou pré-definida. Ela simplesmente acontece. É música feita com o coração! Claro que o compositor sempre vai se valer e usar toda técnica e conhecimento disponíveis, mas não com a intenção de vender. Ele aplica o conhecimento e os recursos musicais disponíveis principalmente para o arranjo e o conceito bonito da obra. Compor... Fazer Música é um universo infinito em si mesmo!
Um abraço,
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