27/04/2006
Mais do que uma tradição, o casamento – quero dizer completo, aquele com direito a cerimônia religiosa, vestido branco, véu, bufê, arroz, daminhas, buquê e papel passado – ainda é o sonho de consumo de muitas mulheres. Algumas guardam dinheiro durante anos para a festa, preparam o enxoval e, muitas vezes, só falta mesmo o noivo.
Eu sou do tempo em que morar junto já era coisa bem aceita na sociedade, mas nessa atitude ainda existia algo de moderno. Era preciso ser bem segura de si para abrir mão de tantas coisas, incluindo um álbum de fotos e um vídeo com as melhores cenas do casamento. Mas hoje, casar é uma questão de gosto. Mesmo que os números do IBGE, dizendo que o número de uniões civis aumentou significativamente nos últimos quatro anos, indiquem uma mudança de comportamento.
Casar é sinônimo de tradição, estabilidade e segurança. E a característica de conservadorismo se encaixa perfeitamente no perfil de um novo tipo de jovem – aquele que tem valores mais tradicionais, quer constituir família, ter filhos, cães, um apartamento na cidade e uma casa na praia. E pessoas famosas, bonitas e ricas, como o casal mais belo do planeta, Angelina Jolie e Brad Pitt, ajudam a persuadir quem ainda precisava de mais alguma razão para se casar.
Com essa onda matrimonial que veio como um tsunami de bem-casados, as revistas de moda dedicaram páginas e mais páginas a editoriais com vestidos brancos lindos, festas deslumbrantes e até mulheres grávidas como noivas. Surgiram nos últimos tempos muitos títulos, de revistas simples até as mais elaboradas e glamourosas, além de livros de etiqueta e de serviços com tudo o que se precisa para planejar, organizar e realizar o casório. Os sites se multiplicam na Internet e oferecem de tudo. E se o noivo é que é o problema, muitos programas de TV ajudam a encontrar o namorado e até ajudam a realizar a cerimônia.
Tenho visto também muita gente que morava junto há muito tempo, com filhos e tudo resolvido, decidir formalizar a união. Isso me faz pensar que no fundo, no fundo, toda mulher tem aquele sonho de Cinderela, uma coisa meio infantil ou adolescente de viver um momento mágico, que perdure além do próprio casamento. O marido pode até ser trocado por outro, mas o momento único, pessoal e intransferível não.