09/09/2005
Em setembro de 1952, a publicação francesa "Revue de la Pansée Française" publicou uma reportagem sobre como seria a moda no ano 2000. A edição perguntava a cinco dos mais famosos representantes da alta-costura parisiense na época, como cada um deles imaginava a moda no ano 2000. E as respostas foram surpreendentes.
Para Carven, estaríamos hoje usando roupas inspiradas na Grécia antiga, com vestidos drapeados longos. E na cabeça, um penteado pontudo, capaz de captar mensagens enquanto andássemos pela rua. Se pararmos para pensar, isso seria quase um telefone celular, uma verdadeira profecia. O designer só exagerou um pouco quando disse que os tecidos seriam como asas elétricas que substituiriam os carros. Um verdadeiro delírio fashion!
Jacques Griffe disse que viajar até à Lua seria comum e que, por isso, as roupas seriam feitas de tecidos especiais capazes de resistir aos eflúvios terríveis da bomba atômica. Não foi bem assim que tudo aconteceu. Se bem que viagens lunares comerciais já estão sendo negociadas por aí e passagens já foram até vendidas.
Para Marcel Rochas, a mulher do ano 2000 usaria uma espécie de chapéu-antena e a bolsa seria substituída por um aparelho de TV e telefone portátil (olha aí o celular de novo). Vestiríamos túnicas curtas com um véu. Tudo muito feminino, mas envolta numa rede de antenas que captariam todas as novidades do mundo (a tal rede não seria a internet?).
Como o próprio texto diz: "de acordo com essas opiniões autorizadas de mestres da alta-costura, a maioria dos criadores de moda é de parecer que o vestuário das mulheres se adaptaria a todas as invenções modernas".
Mas eis que surge a opinião de quem fazia o maior sucesso em 1952 -Christian Dior. Segundo ele, a mulher estaria usando peles de animais. A reportagem, em tom irônico, reagiu: "Dior julga que a humanidade voltará à idade da pedra e os homens voltarão a viver nas grutas. Nesse caso, pensam os jornalistas que as cavernas deverão possuir aquecimento central..."
O mais curioso é que não param de acontecer manifestações de ativistas do Peta (People for the Ethical Treatment of Animals) em frente a lojas de marcas famosas ou em desfiles. Eles lutam contra o uso de peles de animais em coleções de moda.
Aliás, vários estilistas e marcas estão utilizando couros e peles, verdadeiras ou falsas, em suas criações. O mestre Dior acertou! Mas o que ele não previu foi que no século 21 estaríamos usando exatamente a moda idealizada por ele, sucesso na época da reportagem francesa. As formas e proporções femininas dos anos 50 serviram de inspiração para as coleções de vários estilistas nas últimas temporadas.
De alguma forma, todos os estilistas consultados acertaram. A tecnologia é uma realidade e as roupas já convivem com celulares, palm tops, relógios ultra modernos e até computadores. Por outro lado, mais uma vez a história se repete. Em tempos difíceis, a moda recorre a outros mais felizes.
Assim, a mulher dos anos 2000 passeia por aí com seu New Look revisitado, mais confortável, de tecidos tecnológicos e seu celular de última geração com câmera fotográfica e internet acoplados dentro de uma bolsa vintage. E se estiver muito frio, um belo casaco de pele sintética (ou pelo menos deveria ser assim).
© SITE DA GRANJA. TELEFONE E WHATSAPP 9 8266 8541 INFO@GRANJAVIANA.COM.BR
