17/08/2006
Quando, em meu carro, escuto rádio, é de preferência Eldorado, que já foi melhor. Assim, com o início da propaganda eleitoral, tive a oportunidade de escutar nossos valorosos candidatos em suas cantilenas.
Todos são de origem humilde, bons de coração que vão lutar contra a corrupção, amam o Brasil, seu povo e tome blá, blá, blá.
Desiludido e vacinado contra papo furado, não consigo acreditar que essa simploriedade toda vai resolver qualquer coisa.
Escuto ainda a propaganda do Tribunal Eleitoral avisando que todos os futuros eleitos são nossos empregados e que, portanto, devemos exigir pois os pagamos regiamente. Como é seguida essa propaganda, dependendo de meu humor, caio na gargalhada ou então xingo em altos brados dentro de meu carro sozinho, me desviando de motoqueiros ensandecidos e barbeiros contumazes nessa coisa amorfa, perigosa e indecente que se transformou o trânsito na capital e arredores.
De vez em quando os Boletins de Notícias me avisam que bancos, mineradoras e outros queridinhos corporativos estão tendo lucros estratosféricos. Ou então alguma nova manobra picareta de algum governante. Ou ainda propagandas indiretas para beneficiar pessoas que não deveriam ser beneficiadas.
Vejo, em plena rua São Luis, um enorme caminhão com palco, cheio de faixas, promovendo um candidato a Deputado. Esse indivíduo é vereador em nossa gloriosa Carapicuíba com uma ficha criminal de quilômetros, mas belo e faceiro está aí, tentando subir de cargo e volume de barbaridades a perpetrar. O que esse homem pode fazer de bom como Deputado é uma incógnita, visto seu passado de maus serviços prestados. Corre o risco de se eleger, assim como 80% de seus colegas, com perfis similares.
Fica claro, claríssimo, que vivemos em um faroeste bravio, aonde só existem leis para uma faixa da população. Exatamente aqueles que ao menos têm preparo intelectual, pagam impostos(não deveríamos), empregam e tem algo parecido com civilidade. E estão cansados de saber que é preciso educação de bom nível em todos os níveis. Que é preciso planejamento, competência e coragem da parte de quem nos governa. E que é preciso começar ontem, pelo menos alguma coisa.
O processo para haver mudança é muito lento e começamos muito tarde. Não existindo massa populacional preparada, ela não ocorrerá. Este é o nosso caso. Salve- se quem puder.
Diante de minhas suspeitas de que estamos no País do Faz de Conta, da hipocrisia, da falta de justiça e competência. Fica a pergunta para o Tribunal Eleitoral.
Você escolhe o quê?
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