22/12/2005
Chego a São Paulo e sou imediatamente engolido por este lugar no qual nasci e passei grande parte de minha vida. Sempre a vi como uma cidade. Hoje não mais. É um gigantesco território urbano que se estende a perder de vista e no qual se misturam, de qualquer maneira, edifícios, favelas, mansões ― tudo guardado por gente armada até os dentes.
Sentimos imediatamente a atmosfera e inconscientemente ficamos mais alertas e menos tranqüilos. Incrível como isso pode permear e influenciar nossas vidas no dia-a-dia. Mas ninguém mais percebe, como não percebemos tantas coisas.
Mesmo assim, é uma delícia estar em casa novamente, com minha família, meus espaços e minha natureza. Foram 27 dias de muito trabalho e experiências de vida que me trouxeram muita satisfação.
Lentamente começo a rever os cenários de nossas vidas: podridões políticas que continuam a vicejar neste mar de hipocrisia, injustiça e incompetência que nos faz sermos vistos sempre como coitadinhos; barulho, poluição visual, descuido generalizado com tudo, trânsito inseguro, desrespeito para com os outros e em tudo, violência inerente.
Certamente, essas impressões se fazem mais agudas depois de algum tempo em países interessantes e avançados socialmente, onde mesmo com seus problemas específicos as pessoas ainda conseguem ser cidadãs.
O destaque desta minha semana de retorno foi a inauguração da nova sede da Cooperativa dos Artistas Visuais do Brasil, com uma exposição primorosa, extremamente bem curada, com trabalhos estupendos. Arrisco dizer que é um dos bons programas para o próximo começo de ano. O endereço é Avenida Morumbi, nº 5062.
Agora temos, como sempre, as maratonas de festas e encontros de fim de ano. Então chegaremos aos primeiros dias de janeiro, minha época favorita em São Paulo, onde por alguns dias ela volta a ser uma cidade. Com menos trânsito, menos barulho e menos gente.
© SITE DA GRANJA. TELEFONE E WHATSAPP 9 8266 8541 INFO@GRANJAVIANA.COM.BR
