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Avignon Deixo Milão sob uma neve forte e me dirijo para o sul, em direção a Gênova

15/12/2005



Deixo Milão sob uma neve forte e me dirijo para o sul, em direção a Gênova. Estrada impedida na altura do quilômetro 150. Depois de uma hora esperando pela limpeza da pista, continuo viagem. Depois de 3 horas chego a Vintemiglia, perto da fronteira da França. Nesta altura o tempo já está completamente mudado. Catorze graus e sol. Super agradável. Faço todo o sul da França em direção a Marselha, passando por Nice, Cannes e todas estas cidades deliciosas. São 4 horas da tarde. Uma luz linda, auto-estrada perfeita, carro bom. A trilha sonora, excelente.
À noitinha começo a me aproximar de Avignon, no coração da Provença. Talvez a região mais fantástica da Europa ocidental, junto com a Toscana italiana.
Telefono para o casal Katrine e Jean Marc, artistas maravilhosos que me hospedarão por esta noite. Depois das instruções detalhadas e mais 25 minutos, chego à sua casa. Pequeno aglomerado urbano na periferia de Avignon. A casa antiqüíssima, de 1400, restaurada e modernizada interiormente e de um enorme bom gosto e charme. Grande para os padrões europeus. Todas as dependências me fascinaram, com destaque para o enorme estúdio no segundo andar, com pé direito de 6 metros, grandes vigas de madeira no teto e piso de pedras.
Descemos para a cozinha para preparar o jantar. Todos juntos em volta da mesa a descascar batatas e assar as galinhas. As batatas, depois de levemente cozidas, são fritas em banha de ganso. Toda a preparação é acompanhada de vinho branco, cujo nome não me recordo, mas posso afirmar que era muito, muito bom.
Fomos dormir tarde, pois a troca e as conversas foram ricas e humanas.
Pela manhã, domingo, saímos para caminhar pelas estradinhas de campanha, próximas à casa. Por duas horas me senti transportado, feliz, em meio àquela natureza, iluminada, ainda cheia de história e de beleza. Seria, seguramente, um dos lugares onde eu gostaria de morar e trabalhar.
Almoço, despeço-me agradecido e parto para 700 km até Paris, aonde chego às 8 da noite, extenuado, em meio a engarrafamentos monstruosos. Tenho todo o tempo para meditar sobre a estupidez e desumanidade que se tornaram as grandes capitais do mundo. Para mim, a cada momento me parece mais claro que são lugares a serem evitados e contornados em todas as situações possíveis. Tornaram-se verdadeiros templos do deus dinheiro, com suas aglomerações gigantescas, sua inutilidade e seus condicionamentos horríveis.
Parto para Miami em um desconfortável e interminável vôo diurno.
Uma vez instalado neste país, apêndice de um futuro sombrio, constato in loco, depois de três anos desde minha última vez aqui, que piorou e muito. Qualquer lugar está cheio. Cheio de gente, de carros SUV, enormes, poluidores e atravancadores… cheio de lugares para comer e para tudo o que se imagina, em quantidades fora de controle. Um frenesi de consumo e desperdício. Um modelo que se vende para o resto do mundo como padrão, mas que para nós, às bordas do sistema, causa mal-estar.
Entro na Starbucks e peço um cappuccino pequeno. Por 3,40 dólares servem-me um copo com aproximadamente meio litro do produto. Tomo metade e já acho muito. Essas medidas me parecem permear todas as outras.
Os canais de notícia das televisões são o exemplo acabado do que dizia Orwell sobre a propaganda. O cenário é repetitivo em todas as partes. Parece que se está sempre no mesmo lugar.
O mundo novo que toma forma. Uma forma que me apavora e me parece muito estranha, com milhares de pessoas com estes celulares de orelha, falando o tempo todo, apressados e superficiais, em uma sanha de trabalho e consumo que mais parece o interior de um manicômio. Gerações se dirigindo não sei para onde, arrastando a individualidade para o fim dos tempos.
Começo a voltar ao Brasil com alguma saudade, obviamente nada racional, principalmente de minha gente, família e amigos, minha casa e meus bichos. Sobretudo tenho saudade da oportunidade de me isolar mais uma vez de uma realidade exterior que a cada momento me agrada menos.
O futuro não é aquilo que imaginei.


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